Fotógrafos transformam suas casas em câmeras para retratar a vida em tempos de Covid-19
Um lugar que passa a ser ressignificado por diferentes artistas contemporâneos ao redor do mundo em tempos de Covid-19.
A história da fotografia está diretamente relacionada ao ponto de vista de uma janela. Foi a partir dela que, em 1826, o Niepce fez a primeira fotografia da história. 8 horas de exposição, ali, desde o ponto de vista da janela da casa dele no interior da França! Muito além da fotografia, ao longo de toda história da arte, a janela como ponto de vista é um motivo recorrente entre os pintores, retratistas, cineastas e artistas visuais de uma maneira geral. Da Menina na Janela, do Salvador Dalí, à Janela Indiscreta, do Hitchcock.
Um lugar que passa a ser ressignificado por diferentes artistas contemporâneos ao redor do mundo em tempos de Covid-19.
Como fotógrafo, eu também queria fazer o meu ensaio durante a quarentena, mas nenhuma ideia me parecia original. E foi nesse momento de pausa, em que a gente tem recorrido ao passado em busca de respostas para quando tudo isso passar, que eu tive um estalo: o princípio da camera obscura! Ou seja: uma caixa ou uma sala completamente escura e com uma pequena entrada de luz projeta, na parte oposta a essa abertura, uma imagem invertida da cena externa, explica Alencastro.
Inspirado por tudo isso, ele isolou completamente as entradas de luzes do apartamento onde mora no 4º andar de um prédio no bairro Copacabana, no Rio de Janeiro, e fez um primeiro teste. Na impossibilidade de produzir outras imagens confinado, Alencastro convidou outros fotógrafos que aceitaram transformar suas casas em câmeras obscuras de grande formato e capturaram a vida em tempos da pandemia. “A partir de videochamadas e conversas pelo WhatsApp, eu fui dando dicas para eles de como chegar ao melhor resultado técnico e também do que eu gostaria que cada fotografia retratasse.
O resultado é o ensaio obs-cu-ra, caracterizado por uma atmosfera sombria e enigmática, tal como o indecifrável futuro que ninguém sabe ao certo como será. “Simbolicamente, o que vemos projetado é um mundo de cabeça para baixo, tal como o caos que acompanhamos ao redor do mundo”, reflete o fotógrafo.