Neste domingo, Jair Bolsonaro promoveu outra carreata pelo fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), a favor de si mesmo. Ele está possesso com as derrotas judiciais acumuladas e ávido por controlar os inquéritos e investigações que correm no STF sobre crimes que envolvem seus filhos, golpistas que o apóiam e deputados corruptos que passaram a integrar sua base parlamentar. A impunidade para esses grupos e ameaçar quem se opõem ao governo passaram a ser suas principais diretrizes.

Na segunda-feira, Bolsonaro promoveu a nomeação relâmpago de Rolando Alexandre de Souza como diretor-geral da Polícia Federal. Rolando vem com a missão de ir enrolando os inquéritos e investigações, mas enfrentará um campo minado de resistências antes de conseguir subverter o sentido profissional da instituição. Mais uma frente de guerra política começa.

Não vai adiantar. Porque o problema não está nesta ou naquela pessoa ou instituição, mas no afã ditatorial do próprio Bolsonaro, a exemplo do que já fez com a Procuradoria-Geral da República, a Advocacia-Geral da União e o Ministério da Justiça, transformando essas instituições em bancas privadas para defender seus interesses pessoais e familiares. Assim mesmo, o presidente vem acumulando sucessivas derrotas no STF e em outras instâncias.

Bolsonaro valeu-se da carreata de domingo para ameaçar o uso da força contra o tribunal, dizendo que “cheguei ao limite” e insinuando que tem o apoio das Forças Armadas para golpear as instituições. Não por acaso, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou em nota que as Forças Armadas “cumprem sua missão constitucional” e que estarão “sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade”.

Comenta-se que Bolsonaro quer exonerar o general Edson Leal Pujol do comando do Exército para nomear alguém mais permeável ao seu intento autoritário e à postura criminosa contra o isolamento social, mesmo sabendo que só ele pode evitar a multiplicação de vítimas pela epidemia. Além de reiteradas manifestações de chefes militares em defesa da democracia, Bolsonaro teria ficado irritado com Pujol porque, numa cerimônia militar recente, ele não lhe estendeu a mão e o cumprimentou com o cotovelo, ao modo adotado no Exército para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Luiz Eduardo Ramos, atual ministro-chefe da Secretaria de Governo e um dos generais palacianos que ainda dão suporte ao desgoverno, seria o pretendido substituto de Pujol.

Sendo sua impunidade e dos filhos a prioridade máxima do governo, Bolsonaro decidiu comprar os partidos do “Centrão” para barrar os pedidos de impeachment que se acumulam na presidência da Câmara. O presidente sabe que o “centrão” é traiçoeiro, até porque sempre votou com ele enquanto foi deputado. Mas avalia que essa cooptação lhe dará tempo suficiente para conspurcar a Polícia Federal e o Exército e, assim, manipular investigações e violentar os demais poderes.

Os advogados públicos a serviço do Bolsonaro também se esforçam para evitar o cumprimento de uma liminar que o obriga a divulgar os resultados dos testes que fez para detecção do coronavírus. Ele afirma que o resultado deu negativo, mas alega direito de privacidade para se negar a divulgá-lo, como se a sua saúde não tivesse implicações para o país. Essa postura suspeita pode significar que Bolsonaro mentiu ao país e – pior – poderá ter contaminado pessoalmente apoiadores e transeuntes que têm cumprimentado nas ruas sem qualquer cuidado protetivo.

Se Bolsonaro acha que chegou ao seu limite, digo eu que ele já ultrapassou todos os limites há um bom tempo!

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