É o coco do Figueiredo ou o cocô do Bolsonaro?!
Em 1979, o General João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar respondeu a uma criança que perguntara o que faria se o seu seu pai recebesse um salário mínimo: “daria um tiro no coco”.
Em 1979, o General João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar que durou mais de 20 anos, assim respondeu a uma criança que perguntara o que faria se o seu seu pai recebesse um salário mínimo: “daria um tiro no coco”. O general, que presidiu o Brasil de 15 março de 1979 até 15 de março de 1985, era conhecido por suas tiradas estúpidas, como quando disse que “preferia o cheiro do cavalo ao cheiro do povo”.
Cabe registrar que, de 1964 até 1985, os presidentes do Brasil eram escolhidos por uma junta militar. O golpe de 1964 baixou um ato institucional sem número, em nome de um suposto poder “revolucionário” que prometia a realização de eleição para presidente do Brasil no ano seguinte. Em 1965, quando ocorreria nova eleição, a ditadura baixou o ato institucional nº 2, e foi assim que o ato anterior sem número passou a ser chamado de AI-1. Depois desses, foram baixados 17 atos institucionais, sendo que o último, editado em 14 de outubro de 1969, autorizava a junta militar a mandar para a reserva quem atentasse contra a coesão das forças armadas. Sua finalidade era conter a insatisfação contra a indicação de Emilio Garrastazu Médici, sanguinário presidente do regime militar.
Em 2019, 40 anos depois do coco do Figueiredo, o presidente Bolsonaro, o “capitão américa do Trump”, bem ao estilo daquele general, assim se manifestou acerca do desmatamento da Amazônia: “é só você fazer cocô dia sim, dia não, que melhora bastante a nossa vida”.
Será que Bolsonaro, protótipo de ditador, colocou acento circunflexo que faltou ao general da ditadura? As semelhanças entre os dois são muitas, mas a principal é que sempre cagaram para o Brasil. Figueiredo jamais enganou, nunca foi o paladino da abertura e da democracia, muito pelo contrário, em sua longa carreira, serviu ao Serviço Nacional de Informação – SNI – e ao Departamento de Ordem Político Social – DOPS -, ambos órgãos de torturas, assassinatos e desaparecimentos como políticas de Estado do regime militar. É importante registrar que seis mil militares contrários ao regime foram expulsos das forças armadas. E Bolsonaro nunca foi a “nova política”, nem inimigo da corrupção e muito menos alguém que respeita a democracia.
Da mesma forma que Figueiredo tentou blindar a ditadura de um fim melancólico, Bolsonaro ofende seus opositores para esconder sua máscara que já caiu. Na biopolítica brasileira, o estado de direito existe para as classes média e alta, enquanto sobra para o pobre o estado de exceção. Mas o embate entre o estado de direito e o estado de exceção está vivo na política e não podemos deixar os fascistas crescerem. É preciso estar atento e forte, vamos à luta sem descansar, ocupando todos os espaços abertos de democracia nas ruas e nas redes sociais!
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André Barros é advogado da Marcha da Maconha, mestre em ciências penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sócio Popular e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros.