Marcha das favelas pela legalização, contra a criminalização das drogas
O Estado, que abandonou as favelas, usa a criminalização de uma planta, a maconha, e de uma droga anestésica
No próximo sábado, dia 9 de junho de 2018, às 4:20 horas da tarde, na quadra de society da favela de Manguinhos, vai acontecer o evento mais importante para a redução do assassinato de negros e pobres por essa política racista de Estado: a primeira MARCHA DA MACONHA DAS FAVELAS – PELA LEGALIZAÇÃO do Brasil. Todas e todos cariocas deveriam comparecer ao evento, que vai iniciar um debate real pelo fim de uma guerra racista que transformou nosso Estado num tiroteio, ouvido em todos os lugares, aterrorizando os moradores das favelas, pobres, quase todos negros.
Nenhuma mãe quer ver seu filho com um fuzil vendendo drogas ilícitas, mesmo precisando do dinheiro para viver. Jovens de 14 a 24 anos recebem de 50 a 200 reais por um período de 12 a 24 horas de trabalho para morrer ou ser condenado a penas de 10 a 30 anos de cadeia, nos campos de concentração do sistema penal do Rio de Janeiro. Quando morrem, mais cem querem pegar esse lugar, um lugar na fila de um verdadeiro corredor da morte. Trata-se de um mercado de toneladas e milhões que coloca adolescentes e jovens, verdadeiros escravos do tráfico, vendendo maconha em mutucas e cocaína em papelotes. Muitas vezes, eles trabalham quase somente para usar sua própria droga, pois são cobrados pelos produtos consumidos.
O Batalhão de Operações Especiais – BOPE é o maior exemplo dessa política racista de Estado. É um batalhão criado não para investigar, mas sim, para matar, e onde? Nas favelas! Esse foi o discurso do “Capitão Nascimento” na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro no consagrado filme “Tropa de Elite II”. Do alto da tribuna da ALERJ, ele confessou que nunca soube responder a seu filho porque sua profissão era matar. O símbolo desse Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro já diz tudo: uma caveira!
A Marcha da Maconha das Favelas pela legalização denuncia o discurso que o Estado usa para matar negros e pobres: a criminalização das drogas. O Estado abandonou as favelas desde seu nascimento. Nas mais de mil favelas da cidade do Rio de Janeiro falta saneamento básico. Crianças negras brincam em valas sujas entre porcos e ratos, já nascem punidas pelo Estado. Sem cogitar qualquer redução dessa racista desigualdade social e regional, a elite branca e privilegiada ainda exige paz social!
A legalização da venda da maconha nas favelas é um debate atual e possível. O Estado, que abandonou as favelas, usa a criminalização de uma planta, a maconha, e de uma droga anestésica criada pelo laboratório “Merck” do capitalismo farmacêutico alemão, a cocaína, para justificar sua entrada armada nas favelas. Um Estado covarde, racista e assassino, que faz essa guerra para a felicidade da indústria armamentista. Evidentemente, a última coisa que o mercado da venda de armas e munições quer é a paz! Esse mercado necessita da guerra, pois a guerra é sua fonte de lucro.
A Marcha das Favelas pela Legalização vai mostrar aos seus moradores e explorados escravos do tráfico que este debate é atual, real e possível. E também que esses milhões, lavados na corrupção do sistema penal policial, no mercado de armas e munições, no mercado financeiro e imobiliário, podem ficar nas favelas. Obviamente, sem sequer terem acesso à escola de qualidade ou à conclusão do ensino fundamental, não esses jovens e adolescentes que lavam os milhões do tráfico! Como trabalhadores, e na ilegalidade, são ainda mais explorados por milionários capitalistas. A Marcha das Favelas vem quebrar o tabu e mostrar que é necessário debater a legalização da venda da maconha nas favelas.