O colapso está chegando, e agora?
A instabilidade é a alma dos golpes, sabemos como os golpes começam, mas nunca sabemos como acabam.
A greve dos caminhoneiros continua e o governo Temer está na lona. Apesar do acordo anunciado, continuam os bloqueios em estradas e o desabastecimento se alastra pelo país.
Nos aeroportos, o caos com o cancelamento de centenas de vôos e seu efeito cascata.
Temer convoca as Forças Armadas para acabar com os bloqueios em rodovias, mas os caminhoneiros já anunciam que vão abandonar os veículos nas estradas e que esperam ver o Exército rebocar 200 veículos nos pontos de bloqueio.
O TRF-4, que condenou Lula em segunda instância, anunciou que paralisou todas as suas atividades até que o caos se resolva e se o povo decidir seguir o exemplo dos marajás do judiciário, o caos pode estar só começando no Brasil do golpe!
O caos está só começando
É melhor se acostumar, o caos está só começando e ele será prolongado. A instabilidade é a alma dos golpes, sabemos como os golpes começam, mas nunca sabemos como acabam.
Talvez um caminho mais curto para entendermos a dimensão da crise, seja através dos astros, de sua dimensão cósmica, astrológica. Sejamos místicos diante de tanto assombro. O fato é que há três gigantes em retrogradação. Júpiter, Plutão e Saturno. Júpiter torna o que é tenso, ainda mais tenso. Saturno retrógrado nos faz repensar planos e tudo que é concreto, pode tornar-se incerto. Plutão retrógrado faz as estruturas que limitam nossa vida serem muito mais evidentes. Do ponto de vista astrológico, o caos pode ser prolongado: situações sem retorno, auto-destrutividade, limites sendo testados, estruturas sendo movidas, confrontos tornando-se mais abertos, futuro sendo escrito.
O futuro não ia ser assim
O concreto é que o golpe mergulhou o Brasil numa verdadeira devastação social. Todos os números são eloquentes de uma tragédia que dinamitou anos de políticas públicas inclusivas. O conflito distributivo segue devorando a renda dos mais pobres, o retorno da miséria, da mortalidade infantil e da fome são os sintomas mais concretas da ruína social em curso. A renda se concentrou por cima e o povo está sendo brutalmente sacrificado. Em apenas dois anos, o Brasil voltou muito mais que vinte. Os retrocessos são incontáveis.
Na panela de pressão, uma greve nas artérias do país. O fantasma da Venezuela tão propagado pela mídia, agora se torna uma realidade no Brasil do impeachment: desabastecimento em postos, aeroportos, supermercados. Temer foi pego de calça curta e completamente despreparado. É um governo de fim de feira, com o qual ninguém quer posar na foto. Com a possibilidade das eleições, aparecer associado ao legado maldito do vampiro não é pouco castigo. Em todos os escalões de governo, o que resta é incompetência e gente de quinta, sem habilidade pro feijão-com-arroz do dia-a-dia, quem dirá para um situação de emergência e caos. Esta não é uma crise no baixo clero do Congresso, que se resolve todos sabemos como. Esta crise é bem particular, na base dela, estão os caminhoneiros, tão autônomos e diversos, complexos e desorganizados como é o povo na base de nossa pirâmide.
No Brasil do pré-sal entregue aos gringos já está faltando combustível nos postos. No Brasil da retomada econômica fake news da mídia, colapso de narrativa: o caos é nosso. Todos os que trabalharam para colocar o país nessa aventura golpista tem profunda responsabilidade sobre isso. E não só sobre isso, mas também e sobretudo, com as vinte mil crianças a mais que vão morrer até 2030. Tem responsabilidade na saída de 170 mil jovens da universidade. São responsáveis também pela triplicação da pobreza extrema, pela volta do fogão a lenha, pelos 27 milhões sem trabalho ou em condições muito precárias de trabalho. Uma verdadeira ruína! Perto dela, pedaladas e triplex parecem verdadeira piada, mas não há razão para risos. É melhor estarmos alerta. De mãos dadas. Diante do cenário aberto, não é estranho que haja revolta e que a revolta possa ser capturada para aprofundar ainda mais as atrocidades contra os direitos e a democracia.
O certo é que há pouca esperança no horizonte, e diante desses colapsos, mais vale ter fé em que venha alguma primavera com ventos de bonança e prosperidade. Convém manter-se alerta, organizado, atento a cada sinal. Convém semear amor, convém velar pela alegria da vida. Tudo pode desmoronar a qualquer momento, mas convém lembrar que debaixo dos escombros, restará sempre o terreno. Precisamos redesenhar o futuro. Escrever um novo futuro é urgente!
Só há novo futuro possível com democracia, reconciliando o país com o diálogo e tendo ousadia na invenção de projetos. Estaremos em plena turbulência até que a retomada democrática repactue as diferença, produza mudanças estruturais capazes de interromper a concentração da riqueza e retomar a redução das desigualdades, todas elas. Fora disso, toda saída será precária ou autoritária. Não haverá estabilidade institucional, nem crescimento econômico, nem paz social sem interromper o curso do golpe, libertar Lula e realizar eleições livres, limpas e diretas, onde todos os projetos possam ser debatidos e um novo Brasil possa nascer de todo esse pesadelo. Mais do que nunca, é preciso coragem!