Por Mauro Utida

O leilão do metrô de Belo Horizonte foi encerrado por R$ 25.755.111,00, após lance único feito pelo Grupo Comporte, que será responsável pelo serviço por 30 anos. A sessão pública foi realizada na tarde desta quinta-feira (22) na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo.

“É uma verdadeira entrega à preço de banana, a partir da aliança entre o governo Zema e o já quase ex-presidente da República”, criticou a vereadora Bella Gonçalves (PSOL).

O valor a ser desembolsado pela empresa chamou a atenção e, para alguns, foi considerado baixo diante da importância da concessão e da possibilidade de ganhos futuros. “O valor pago pelo metrô de BH no leilão de hoje não compra um trem”, denuncia Bella.

A denúncia da vereadora faz sentido. Em dezembro de 2012, foram comprados dez trens, com quatro vagões cada, por R$ 171,9 milhões, o que, na média, representaria cerca de R$ 17,2 milhões por trem – ou seja, valor relativamente próximo ao que será seja desembolsado pela Comporte.

Além disso, a vereadora Iza Lourença (PSOL) denuncia que o grupo Comporte – vencedora do leilão – é ligado a família Constantino, “empresário de ônibus que já tem histórico de investigação por trabalho escravo e assassinato de lideranças populares”, diz Iza.

O edital foi marcado pela insegurança jurídica. A privatização, cujo principal articulador foi o governo estadual, foi questionada pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCU-MG), por parlamentares mineiros e pelo Partido dos Trabalhadores, em pedido de liminar assinado por Gleisi Hoffman (PT), a coordenadora política do governo de transição.

As vereadoras do PSOL defendem que o leilão seja anulado judicialmente e que o metrô de BH permaneça público, como recomendado no relatório do governo de transição, com investimento para sua ampliação. “É disso que o transporte metropolitano precisa e por isso vamos lutar”, afirma Bella. “Vamos seguir na luta pela revogação do leilão!”, completa Iza.

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Investimento bilionário

Para a realização das intervenções, a vencedora da licitação vai receber cerca de R$ 3,2 bilhões de recursos públicos. A União vai investir R$ 2,8 bilhões, já depositados, enquanto o estado vai aportar R$ 440 milhões provenientes do acordo firmado com a Vale para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho.

Atualmente, o metrô de Belo Horizonte tem apenas uma linha. O sistema conta com 19 estações, cerca de 28 quilômetros de extensão e foi expandido pela última vez em 2002.

O edital de concessão prevê a ampliação da linha atual em aproximadamente 2,45 km e a construção de uma nova estação, a Novo Eldorado.

O contratao também estabelece a construção da linha 2, com cerca de 10,5 km e sete estações: Nova Suíça, Amazonas, Salgado Filho, Vista Alegre, Ferrugem, Mannesmann Vallourec e Barreiro.

A concessionária também deverá fazer reformas nas estações já existentes.

Para o governo de Belo Horizonte, a previsão é que as novas estações sejam entregues a partir do quarto ano de contrato e que, no sexto ano, todas estejam em operação.

Com informações do G1

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