Zema entrega metrô de BH “a preço de banana” à iniciativa privada em leilão
Gestão entreguista do governo Zema vende o metrô de Belo Horizonte por 90% a menos do que vale
Por Mauro Utida
O leilão do metrô de Belo Horizonte foi encerrado por R$ 25.755.111,00, após lance único feito pelo Grupo Comporte, que será responsável pelo serviço por 30 anos. A sessão pública foi realizada na tarde desta quinta-feira (22) na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo.
“É uma verdadeira entrega à preço de banana, a partir da aliança entre o governo Zema e o já quase ex-presidente da República”, criticou a vereadora Bella Gonçalves (PSOL).
No apagar das luzes, o governo moribundo de Bolsonaro, aliado ao governo Zema, leiloou o metrô de Belo Horizonte por uma bagatela de 25 milhões.
— Bella Gonçalves (@bellagoncalvs) December 22, 2022
Até quem defende a privatização (o que não é o meu caso), deveria se indignar com o descaro da entega do patrimônio a preço de banana.
O valor a ser desembolsado pela empresa chamou a atenção e, para alguns, foi considerado baixo diante da importância da concessão e da possibilidade de ganhos futuros. “O valor pago pelo metrô de BH no leilão de hoje não compra um trem”, denuncia Bella.
A denúncia da vereadora faz sentido. Em dezembro de 2012, foram comprados dez trens, com quatro vagões cada, por R$ 171,9 milhões, o que, na média, representaria cerca de R$ 17,2 milhões por trem – ou seja, valor relativamente próximo ao que será seja desembolsado pela Comporte.
Além disso, a vereadora Iza Lourença (PSOL) denuncia que o grupo Comporte – vencedora do leilão – é ligado a família Constantino, “empresário de ônibus que já tem histórico de investigação por trabalho escravo e assassinato de lideranças populares”, diz Iza.
Metrô de BH e Contagem agora é das empresas de ônibus! O grupo Comporte Participações S.A. acaba de adquirir a concessão por apenas 25 milhões e embolsa 3,2 bilhões dos cofres públicos para a expansão. A concessão vale para os próximo 30 anos. Derrota para Minas Gerais.
— Iza Lourença (@Izalourenca) December 22, 2022
O edital foi marcado pela insegurança jurídica. A privatização, cujo principal articulador foi o governo estadual, foi questionada pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCU-MG), por parlamentares mineiros e pelo Partido dos Trabalhadores, em pedido de liminar assinado por Gleisi Hoffman (PT), a coordenadora política do governo de transição.
As vereadoras do PSOL defendem que o leilão seja anulado judicialmente e que o metrô de BH permaneça público, como recomendado no relatório do governo de transição, com investimento para sua ampliação. “É disso que o transporte metropolitano precisa e por isso vamos lutar”, afirma Bella. “Vamos seguir na luta pela revogação do leilão!”, completa Iza.
https://twitter.com/Sarapsol/status/1605994454824849408
Investimento bilionário
Para a realização das intervenções, a vencedora da licitação vai receber cerca de R$ 3,2 bilhões de recursos públicos. A União vai investir R$ 2,8 bilhões, já depositados, enquanto o estado vai aportar R$ 440 milhões provenientes do acordo firmado com a Vale para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho.
Metrô a preço de banana?
— Andréia de Jesus 51.120 votos (@andreiadejesuus) December 22, 2022
Mas não é da passagem que estamos falando. O metrô de BH foi vendido por 25 milhões. É menos que o preço de dois vagões!
É o Zema favorecendo as empresas e penalizando, de novo, nossa gente trabalhadora!
Governador, preço de banana só para a passagem.
Atualmente, o metrô de Belo Horizonte tem apenas uma linha. O sistema conta com 19 estações, cerca de 28 quilômetros de extensão e foi expandido pela última vez em 2002.
O edital de concessão prevê a ampliação da linha atual em aproximadamente 2,45 km e a construção de uma nova estação, a Novo Eldorado.
O contratao também estabelece a construção da linha 2, com cerca de 10,5 km e sete estações: Nova Suíça, Amazonas, Salgado Filho, Vista Alegre, Ferrugem, Mannesmann Vallourec e Barreiro.
A concessionária também deverá fazer reformas nas estações já existentes.
Para o governo de Belo Horizonte, a previsão é que as novas estações sejam entregues a partir do quarto ano de contrato e que, no sexto ano, todas estejam em operação.
Com informações do G1
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