Xingu sob pressão: região que abriga Cerrado e Amazônia sofre sérias ameaças, revela documento
Mais de 730 mil hectares, o equivalente a 8 cidades de São Paulo, foram desmatados na bacia do Xingu nos últimos 4 anos
Mais de 730 mil hectares, o equivalente a 8 cidades de São Paulo, foram desmatados na bacia do Xingu nos últimos 4 anos
Recentemente, a Rede Xingu+ lançou um documento denunciando o crescimento do desmatamento na região, que está localizada entre os estados do Pará e do Mato Grosso e abriga os biomas do cerrado e da floresta amazônica. A Rede é uma articulação de 32 organizações na defesa dos direitos e dos territórios dos povos tradicionais e populações indígenas do Xingu.
De acordo com o documento, chamado “Xingu sob pressão”, mais de 730 mil hectares foram desmatados na bacia do Xingu nos últimos 4 anos, território equivalente a quase 8 cidades de São Paulo.
Das seis Terras Indígenas mais desmatadas na Amazônia Legal em 2022, cinco estão no Xingu: Apyterewa, Cachoeira Seca, Ituna Itatá, Trincheira-Bacajá e Kayapó. Juntas, elas alcançaram mais da metade (60%) do desmatamento de todas as Terras Indígenas da Amazônia Legal. Já o aumento do desmatamento para garimpo, entre 2018 e 2022, foi de 21%. Essa expansão ocorreu principalmente na TI Kayapó — o território mais impactado por garimpo na Amazônia.
“A situação da nossa terra é cada vez pior, com mais desmatamento. Foram quatro anos sem ação nenhuma. Esse ano temos esperança que aconteça alguma coisa”, afirmou Venatoa Parakanã, presidente da associação Tato’a, do povo Parakanã, que vive na Terra Indígena Apyterewa.
O mapa e o documento foram apresentados aos principais órgãos federais. Uma comitiva de lideranças de diferentes regiões do Pará e Mato Grosso, como Mydjere Mekrãgnotire, Ianukula Kaiabi, Doto Takak-Ire, Ewésh Yawalapiti Waurá e Giliarde Juruna, se reuniu com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o novo Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
Uma boa notícia já veio dessas reuniões. No Ibama, os membros da Rede Xingu+ obtiveram do presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, o compromisso com a manutenção da vida na Volta Grande do Xingu. Hoje, a região vive uma disputa pela água que é liberada pela usina hidrelétrica de Belo Monte. “A garantia que eu posso dar é que com esse Hidrograma de Consenso esquece a licença. A prioridade nossa é a vida no Xingu”, afirmou.
Os impactos de Belo Monte ainda assombram a região da volta grande do Xingu com a redução drástica da vazão de água, o que impossibilita a reprodução de peixes, destrói os ecossistemas e inviabiliza a vida dos povos tradicionais que vivem nesta região.