Wassef recomprou Rolex dado a Bolsonaro e vendido por pai de Mauro Cid para entregar ao TCU
De acordo com as autoridades, o conjunto de ações estava destinado a ocultar, das autoridades brasileiras, a evasão e a venda ilícita desses bens no exterior
De acordo com as autoridades, o conjunto de ações estava destinado a ocultar, das autoridades brasileiras, a evasão e a venda ilícita desses bens no exterior
Na esteira de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, nesta sexta-feira, o advogado Frederick Wassef retomou, nos Estados Unidos, o relógio da marca Rolex que havia sido presenteado ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante uma viagem oficial. As investigações revelaram que o relógio, originalmente vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, foi recuperado como parte dos esforços para trazer de volta os itens do chamado “Kit Ouro Branco”.
De acordo com as autoridades, o conjunto de ações estava destinado a ocultar, das autoridades brasileiras, a evasão e a venda ilícita desses bens no exterior. A recuperação do relógio ocorreu em março, atendendo a uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que o item fosse devolvido, após ter sido comercializado pela empresa Precision Watches.
O valor obtido na recuperação do relógio se mostrou superior ao montante adquirido na venda inicial. Essa operação de resgate envolveu o advogado Frederick Wassef, que trouxe o relógio de volta ao Brasil em março de 2023. Um encontro posterior entre Mauro Cid e Wassef, em São Paulo, culminou na transferência da posse do relógio para Mauro Cid, que, posteriormente, o entregou a Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Polícia Federal lançou a operação com o objetivo de investigar um grupo, supostamente, envolvido na comercialização de bens concedidos a autoridades brasileiras durante missões oficiais. Entre os indivíduos investigados, estão o general da reserva Mauro César Lourena Cid, o advogado Wassef – conhecido por representar o ex-presidente perante a Justiça – e o tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
Nas últimas semanas, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apura os eventos ocorridos em 8 de Janeiro, identificou correspondências, por e-mail, que indicam uma tentativa de venda de um relógio Rolex, recebido por Mauro Cid, durante uma viagem oficial, por R$ 300 mil. A comunicação, realizada em inglês, inclui questionamentos sobre o valor do relógio e sugere que ele teria detalhes em platina e diamantes.
O relógio Rolex em questão foi concedido ao então presidente Bolsonaro durante uma viagem oficial a Doha, no Catar, e a Riade, na Arábia Saudita, em 2019. O conjunto de joias, que incluía esse relógio de ouro branco adornado com diamantes, gerou interesse em um mercado paralelo. Três anos após a viagem, registros oficiais da Presidência indicam que esses itens foram, inicialmente, encaminhados ao gabinete de Bolsonaro para, só depois, serem colocados sob sua guarda.