Voluntários que atuaram no combate a incêndios em Alter do Chão são presos
Quatro integrantes da Brigada de Alter foram presos e surpreendidos com a busca e apreensão de documentos, sem saber as motivações da ordem de prisão preventiva.
A Brigada de Alter é um grupo independente que atua voluntariamente em prol da proteção da floresta e das comunidades de Alter do Chão e região do eixo forte.
Os voluntários da Brigada estiveram na linha de frente no combate às queimadas que recentemente atingiram a região do balneário de Alter do Chão, no Pará, que vive um cenário de devastação de áreas de proteção ambiental, pressão imobiliária e disputas em torno de uma legislação que permitiria a construção até de edifícios nas margens do rio Tapajós.
Ontem (26), quatro integrantes da Brigada de Alter foram presos sob acusação de incêndio criminoso pela operação da Polícia Civil chamada “Fogo do Sairé”.
As principais mídias corporativas do país amanheceram nessa terça-feira (26) noticiando com alarde a prisão de 4 suspeitos de iniciarem um incêndio criminoso que devastou uma grande área de Alter do Chão no Pará.
A Mídia NINJA esteve em outubro desse ano na região investigando a especulação imobiliária e o incêndio desse ano e com a espetacularização midiática da prisão dos voluntários, em uma região com tantos processos ambientais ilícitos e milícias de grilagem que não têm o mesmo tratamento, resolvemos publicar um pouco da história do coletivo.
Um dos mandados de busca e apreensão de documentos também teve como alvo a sede do Projeto Saúde e Alegria (PSA). O delegado responsável pelas investigações acusa que Brigada é um projeto que se autocontratava usando o CNPJ do Instituto Aquífero Alter do Chão e recebia doações pelo CNPJ do projeto Saúde e Alegria (PSA).
Em nota, a PSA afirma que “não existe no momento nenhum procedimento contra o Projeto Saúde e Alegria, mas apenas a apreensão de documentos institucionais no âmbito de um inquérito a respeito do qual ainda não temos acesso a nenhuma informação. Reforçamos que estamos colaboramos com as investigações. A Instituição acredita no Estado Democrático de Direito e espera assim como todos os que estão acompanhando, o mais rápido esclarecimento dos fatos.”
Em nota, a Brigada de Alter afirma que estão “em choque com a prisão de pessoas que não fazem senão dedicar parte de suas vidas à proteção da comunidade.”
Leia a nota completa:
Desde 2018 a Brigada de Alter tem atuado no apoio ao combate a incêndios florestais. Em agosto de 2019 houve um segundo curso dado pelos Bombeiros Militares, Defesa Civil e Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Turismo de Belterra que culminou com a formação de mais nove brigadistas voluntários. Eles têm, desde então, se empenhado diariamente em proteger a Área de Proteção Ambiental de Alter do Chão, em paralelo às suas atividades profissionais e pessoais – sempre ao lado do Corpo de Bombeiros.
Nessa madrugada (26/11), a Polícia se dirigiu à residência de quatro membros da Brigada com ordem de prisão preventiva. No momento, membros e apoiadores da Brigada estão apurando o que levou a esse fato. Estamos em choque com a prisão de pessoas que não fazem senão dedicar parte de suas vidas à proteção da comunidade, porém certos de que qualquer que seja a denúncia, ela será esclarecida e a inocência da Brigada e seus membros devidamente reconhecida. Estamos sem acesso à nossa conta do Instagram por onde normalmente nos comunicamos com os nossos apoiadores, esperamos que tudo se restabeleça o quanto antes.