
Viúva de Durval deixa condomínio após sofrer ameaças
Durval foi morto por sargento na porta de casa. Viúva relata racismo, ameaças e que sequer recebeu um pedido de desculpas
A viúva de Durval Teófilo, que foi morto pelo sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra em São Gonçalo, saiu do condomínio com a filha de 6 anos após ameaças. Luziane Teófilo prestou novo depoimento na manhã de quinta-feira (10) e seu advogado, Luiz Carlos de Aguiar Medeiros, revelou que ela vem recebendo informações que ele entende como ameaças, ainda que não possa falar diretamente.
Durval foi assassinado com três tiros quando estava chegando em casa. Ele abriu a bolsa para apanhar a chave o sargento, autor do crime, entendeu que Durval, um homem negro, era um ladrão. Para a família da vítima, trata-se de um caso evidente de racismo.
“A Luziane está com medo da soltura do Aurélio, existe um receio, até porque, logo após o falecimento do esposo dela, ela recebeu algumas informações que a gente entendeu como ameaça”, disse o advogado, de acordo com o portal O Dia. “A gente não pode falar diretamente que é uma ameaça, mas o que ela ouviu, subentende-se que seria. Foram poucas, duas ou três, mas como ela era a mulher e por ter uma filha pequena em casa, para ela tomar cuidado e abafar o caso, porque isso poderia ser prejudicial para ela no futuro”.
Luziane teria sido “orientada” a abandonar a denúncia para não se prejudicar e a não atrair atenção da polícia e imprensa para o condomínio. Ela afirma que não recebeu sequer um pedido de desculpas de ninguém envolvido direta ou indiretamente com o assassinato. Nem mesmo a Marinha entrou em contato.
A oitiva em que Luziane participou foi convocada depois que houve a mudança da tipificação do crime, que passou de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, para doloso, quando há. O sargento da Marinha do Brasil poderá passar por um júri popular, conforma o Tribunal de Justiça do Rio.