Visibilidade da Copa do Mundo Feminina se torna uma vitrine para as atletas sem clube
Antes do início da competição, cinco jogadoras da Seleção Brasileira estavam sem clube; agora, quatro já estão com o futuro traçado
Antes do início da competição, cinco jogadoras da Seleção Brasileira estavam sem clube; agora, quatro já estão com o futuro traçado
Por Morgana Américo e Sarah Américo
Cada vez mais, o futebol feminino tem ganhado visibilidade. Prova disso são os recordes que o Mundial, realizado na Austrália e na Nova Zelândia desde o dia 20 de julho, tem quebrado, mostrando o quanto a modalidade está se expandindo e se encaminhando para conquistar seu espaço de direito. Diferentemente do que se fala as pessoas se interessam pelo futebol feminino e ele tem alcançado altos níveis de audiência.
A partida entre França e Brasil, transmitida pela Rede Globo, obteve a maior audiência desde 2008, na faixa das 7 às 9 horas, segundo dados do Painel Nacional de Televisão. A Cazé TV alcançou mais de 1 milhão de aparelhos conectados, simultaneamente, e a SporTV aumentou em 400% a sua média de audiência nas últimas quatro semanas.
O Mundial de 2023 é uma boa vitrine para as jogadoras que foram para o torneio sem clube, porque não é só o público que assiste, os clubes também estão de olho neste campeonato, no qual podem achar diversos talentos para reforçar seus times para próxima temporada, principalmente levando em consideração que algumas promessas que temos visto, nesta competição, se desenvolvem em times universitários ou, mesmo, amadores, o que gera um maior número de jovens.
Na Copa de 2019, 11 jogadoras foram ao torneio sem clube. O que não aconteceu em 2023, pois todas as atletas possuem vínculo com alguma equipe, mesmo aquelas que não irão renovar com o clube o qual defenderam na última temporada. Algumas, até mesmo, já se apresentaram em outros times ou estão em negociações.
Quando a Seleção Brasileira foi convocada, cinco atletas apareciam sem clube: Lauren, Rafaelle, Ana Vitória, Andressa Alves e Gabi Nunes. Todas anunciaram que estavam de saída dos seus times, nos quais fizeram a última temporada. Apenas uma tinha futuro incerto, as outras já estavam com ele definido. Vale ressaltar que todas atuaram na Europa, que, ao contrário de países como Estados Unidos e Brasil, viveu o final da temporada no mês de junho, por isso várias atletas estão em processo de mudança.
Uma das atletas que já está com o futuro definido é Andressa Alves. Conforme mostrou a reportagem do UOL, a meia, que também atua como atacante, vai para o Houston Dash, dos EUA. Ela jogava no Roma. Outra que já anunciou seu destino é a jogadora Ana Vitória, que saiu do Benfica e foi para o Paris Saint-Germain. “Estou em um misto de emoções. Por um lado, contente e com a expectativa muito alta pelo que vem. Um desafio e tanto que eu queria desde pequena, estou em busca de um sonho. E, por outro lado, tenho um carinho muito grande pelo Benfica”, disse em entrevista ao UOL, antes de o torneio começar.
Lauren, que defendia o Madrid CFF, foi anunciada durante a Copa no Kansas City, clube dos Estados Unidos, onde Debinha, sua companheira de seleção, atua. O anúncio foi feito pela própria atleta por meio das redes sociais do clube. “Ter a chance de trazer alguém da classe de Lauren para Kansas City é uma decisão fácil para nós. Ela é uma jovem zagueira promissora, com experiência internacional e acreditamos que ela tem a capacidade de elevar nossa garra implacável em campo. Ter não um, mas dois jogadores da seleção brasileira aqui em Kansas City fará deste um tipo de futebol empolgante para assistir todas as noites de jogo – disse a gerente geral do Kansas City, Camille Ashton, conforme mostrado pela reportagem, do GE.
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Gabi Nunes, por sua vez, ainda faz mistério sobre o seu futuro. Ela desconversou quando perguntada sobre a possibilidade de voltar ao Corinthians: “Voltar? Não sei ainda o que vai acontecer, não sei ainda do meu futuro. Tenho certeza de que, quando voltar, vou buscar essa artilharia de novo”, disse ao sites-de-apostas.net. Enquanto isso, a zagueira Rafaelle sai do Arsenal e, embora já tenha destino certo, manteve o nome em segredo.
Essa expansão não só consagra a modalidade, que está em sua nona Copa do Mundo, como também mostra que a realidade profissional se torna mais comum em diferentes países, especialmente com a consolidação das ligas europeias. A maior concentração de jogadoras está nos clubes do continente Europeu, embora existam outras competições fortes nos demais países.
O Campeonato Inglês é o que mais cedeu atletas à competição: neste ano, foram 106 futebolistas, mais que o dobro em relação às 49, em 2019. Já a Super League assumiu o posto de torneio que mais liberou atletas, superando a NWSL, dos Estados Unidos. Desta vez, a competição americana terá 86 jogadoras convocadas – um número também acima das 73 de 2019, mas com uma fatia menor em proporção, pensando que a Copa ganhou mais oito times desta vez.
Confira a quantidade de atletas cedidas de outros campeonatos:
- Campeonato Espanhol: 73
- Campeonato Francês: 62
- Campeonato Italiano: 40
- Campeonato Alemão: 35
- Campeonato Português: 23
- Campeonato Vietnamita: 22
- Campeonato Sueco: 22
O Brasileirão ficou na 12ª colocação, sendo o maior da América do Sul, com 18 jogadoras que estão presentes na Copa do Mundo Feminina. Na seleção, apenas sete atletas continuam em atividade no país, a maioria está atuando em clubes da Europa ou dos EUA. Isso é reflexo de os clubes brasileiros estarem catalisando, cada vez mais, destaques de países vizinhos com menor investimento na modalidade, a exemplo de Argentina e Colômbia, as duas outras equipes sul-americanas que estão na competição. Atualmente, no Brasil, tem até jogadora das Filipinas.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube