Violência gera violência. A Rocinha entre o alívio e a agonia
Enquanto milhares de pessoas curtem os shows do Rock in Rio, ninguém consegue frear a violência na maior favela do Rio de Janeiro, provando que, assim como o governo Pezão, a guerra às drogas faliu, as UPPs faliram, o “plano” de segurança pública faliu. A cidade não aguenta mais guerra, desgoverno e violência. Na manhã […]
Enquanto milhares de pessoas curtem os shows do Rock in Rio, ninguém consegue frear a violência na maior favela do Rio de Janeiro, provando que, assim como o governo Pezão, a guerra às drogas faliu, as UPPs faliram, o “plano” de segurança pública faliu.
A cidade não aguenta mais guerra, desgoverno e violência. Na manhã de ontem, 22, Pezão pediu intervenção do exército na favela, na tentativa de apaziguar a situação, praticamente admitindo que o Estado não está funcionando e isso acaba tensionando os policiais, que desde o dia 17, quando os conflitos iniciaram, era possível vê-los escondidos para evitar o confronto.
Nas imagens, é possível notar a quantidade de homens do exército que cercam e caminham pelas ruas, assim como as marcas de tiros que perfuram as paredes dos barracos da Rocinha, maior favela do Rio de Janeiro localizada na zona sul da cidade, cara a cara com a classe média carioca, o que acontece ali interfere diretamente na elite que exige ação imediata do governo. A guerra que sempre aconteceu na favela, chegou ao asfalto.
“Foi uma madrugada muito ruim, quase cinco horas de tiros. Quando acordei, fui andar pela comunidade e vi cenas horríveis. Muita moto queimada, munição deflagrada, paredes e carros com marcas de tiros. Para mim, nada disso era estranho, mas vi dois corpos queimando no meio da rua, coisa que eu nunca tinha visto antes”, relata o morador e guia turístico da Rocinha, Carlos Antonio de Souza, em entrevista à BBC, um dia antes dos militares cercarem a favela.
Os traficantes, a polícia, os militares e os moradores são todos do mesmo grupo social: os que matam e os que morrem. Guerra dos pobres contra os pobres “comandada” por um Estado “desinteligente” e brutal. “O Estado”? Um monte de jovens igualmente precarizados e armados, tendo que encenar um controle que não têm e penalizando toda uma comunidade. Um só grupo social, os que matam e os que morrem! Esse é um ciclo vicioso que só a regulamentação das drogas pode por fim.
Solidariedade à Rocinha e aos seus 250 mil moradores, histórias, vidas e lutas.