Venezuela, em nome da liberdade e da democracia
Por Gerardo Szalkowicz Via Nodal Tradução: Márcia Sarquis e Helena Brasil para Mídia NINJA A Venezuela se transformou, como nunca, na capital da disputa continental. Ali é travado este domingo, outra batalha chave de grande impacto para o futuro da América Latina: a revolução bolivariana procurará se fortalecer com uma boa participação nas eleições para […]
Por Gerardo Szalkowicz
Via Nodal
Tradução: Márcia Sarquis e Helena Brasil para Mídia NINJA
A Venezuela se transformou, como nunca, na capital da disputa continental. Ali é travado este domingo, outra batalha chave de grande impacto para o futuro da América Latina: a revolução bolivariana procurará se fortalecer com uma boa participação nas eleições para a Assembleia Constituinte e a oposição tentará sabotar os comícios e avançar pela via violenta em direção ao “assalto final”, sempre em nome da liberdade e da democracia.
Em nome da liberdade e da democracia, os grupos de choque da oposição venezuelana lincham e queimam pessoas vivas, apenas por trazerem o rosto chavista, incendeiam hospitais, creches, edifícios públicos ou centros de coleta de alimentos, atacam quartéis militares, disparam com bazucas, morteiros e armas longas, saqueiam, chantageiam, ameaçam, assassinam. Sacam toda a artilharia com selo paramilitar. Semeiam o terror para que o caos continue aumentando até desencadear uma guerra civil.
Em nome da liberdade e da democracia, a base social antichavista comemora os crimes nas redes sociais. Reproduzem o ódio social e racial que foi implantado para protagonizar uma proeza insurrecional 2.0 e tentar suprir sua rala convocatória para irem às ruas com munições virtuais. Eles se acham fortes nesse terreno. Acreditam que finalmente chegou a hora da caída do chavismo para que sejam devolvidos os seus privilégios de classistas.
Em nome da liberdade e da democracia, a liderança da direita venezuelana desconhece a Constituição e os poderes públicos, legitima o terrorismo das ruas, rejeita o diálogo, conforma um governo paralelo e espera a chegada de fuzileiros navais (“para que chegue a uma invasão estrangeira temos que passar por essa etapa“, admitiu faz pouco tempo o deputado opositor Juan Requesens). Internamente, a correlação de forças não é suficiente – ainda não conseguem penetrar as barricadas populares nem as forças armadas- apostam em uma frente internacional como a carta principal. Estão aproveitando os ventos de mudança na situação geopolítica continental: que Brasil e Argentina se somaram ao clube de peões da Casa Branca, encabeçado por Colômbia e México; que o secretário da OEA, Luis Almagro, fez do derrocamento de Maduro seu leitmotiv (até esteve mendigando apoio no Senado dos EUA); e que, salvo honrosas exceções, como Evo Morales, as e os líderes do progressismo regional parecem olhar para outro lado.
Em nome da liberdade e da democracia, Donald Trump ameaça a Venezuela com sanções econômicas. O magnata oriundo de Nova Iorque põe a equipe nas costas e dissipa dúvidas sobre quem dirige a resistência venezuelana. Um roteiro de manual; o financiamento de mercenários provocam o caos, a sensação de ingovernabilidade e a conformação de um estado paralelo. São as mesmas estratégias utilizadas para invadir a Líbia e a Síria. O plano está sendo cozinhado nos laboratórios de guerra do Departamento de Estado, mas também nos escritórios da petrolífera ExxonMobil, financiadora da campanha de Trump e de onde veio o histórico CEO e atualmente secretário de Estado, Rex Tillerson.
Os Estados Unidos se gaba por apropriar-se mais uma vez da primeira reserva mundial de petróleo, em nome da liberdade e da democracia.
Em nome da liberdade e da democracia, os grandes consórcios midiáticos articulam, em coro, a maior campanha internacional de distorção informativa das últimas décadas. Não há escrúpulos nesta guerra de quarta categoria. Vale tudo para demonizar a revolução bolivariana e isolar o governo de Maduro. O novo plano Condor midiático oculta a violência opositora e a disfarça de “mobilização pacífica” contra a “ditadura”, invisibiliza a vigência do chavismo nas ruas, manipula, mente abertamente. Sua poderosa força comunicacional lhes permite instalar matrizes, criar realidades inexistentes. Pura estratégia de falsificação da realidade que agora se adoça com o neologismo de “pós-verdade”. Mas temos que saber de uma coisa: estão ganhando – e de goleada – a batalha simbólica, a disputa do sentido em nossas sociedades.
Em nome da liberdade e da democracia, os grupos empresariais e financeiros intensificam a sabotagem à economia venezuelana, induzindo uma inflação descontrolada e provocando assim a escassez de alimentos e medicamentos, que atinge, sobretudo, os setores populares. Com essa estratégia e a ineficácia do governo para revertê-la, eles estão conseguindo que o descontentamento se multiplique, além do repúdio e despolitização de boa parte da população. As mulheres que vivem na periferia – sujeito histórico da revolução – têm sido obrigadas a se resignarem a espaços de participação comunitária para resolver o dia a dia.
Em nome da liberdade e da democracia, o antichavismo combina todas as formas de guerra (nas ruas, institucional, comunicacional, internacional, psicológica). Põe a carne toda no fogo! Apostam no tudo ou nada!
Em nome da liberdade e da democracia, a direita tentará impedir, neste domingo, as pessoas de irem votar. Que o povo participe de uma Assembleia Constituinte, símbolo de uma democracia com protagonismo popular.
Em nome da liberdade e da democracia, tentam derrubar de qualquer jeito, de forma antidemocrática, o projeto que mais cresceu quando se trata de liberdade do povo e construção de uma democracia mais igualitária neste século.