Urias, Jaloo e Kiara Felippe: Psica celebra artistas trans no line-up e reforça sua força de inclusão social no palco
Artistas traduzem o compromisso do festival com a diversidade, reafirmando o protagonismo de narrativas queer e políticas de acesso pioneiras em grandes eventos no país
Em 2024, o Festival Psica foi o evento brasileiro que mais destinou ingressos a pessoas trans, travestis e não binárias, segundo o dossiê “Listas Trans: um panorama dos festivais brasileiros de 2024”, de Iná Odara Cholodoski Monteiro Torres e Macaia Ferro. Agora, na edição de 2025, que ocorre entre os dias 12 e 14 de dezembro, no Estádio do Mangueirão, no Pará, o festival reafirma esse compromisso não apenas no acesso, mas também nos palcos, com três nomes centrais da música e da cultura contemporânea: Urias, Jaloo e Kiara Felippe.
A presença dessas artistas consolida uma das frentes mais importantes do Psica: a construção de um espaço plural, seguro e decolonial, onde a Amazônia é centro e referência de inovação cultural.
“Esse resultado é fruto de um trabalho de inclusão que a gente faz há anos. A gente olha a lista transfree como uma necessidade básica de todo projeto cultural, não como uma contrapartida”, afirma o diretor Gerson Dias. Para Jeft Dias, também diretor do festival, “o Psica nasceu na periferia da Amazônia, um território múltiplo. Diversidade é a nossa realidade. A inclusão não é só acesso, é garantir que o festival seja um lugar seguro, afetuoso e plural.”

Do acesso ao protagonismo
O dossiê aponta que, no ano passado, o Psica distribuiu 539 passaportes para pessoas trans, totalizando 1.078 ingressos para os dois dias de evento. O estudo destaca que o festival não estabelece limite para a quantidade de ingressos destinados à lista e que, desde 2021, a gestão desse acesso é realizada pela Rede Paraense de Pessoas Trans, garantindo autonomia e cuidado no processo.
Além de assegurar entrada para todos os dias e espaços do festival, essa política se desdobra para além da bilheteria: manifesta-se na curadoria, na presença de artistas trans nos palcos, na diversidade das equipes técnicas e na construção das narrativas que orientam o Psica. É um compromisso estrutural, e não uma ação pontual.
A pesquisadora Iná Odara, responsável pelo dossiê “Listas Trans”, destaca que a transformação promovida pelo festival vai além do acesso: “Não é só o público. Está no line-up, nos fotógrafos, nos produtores, nas equipes. É muito chique ver pessoas trans no front, nos palcos, performando, dançando. Isso não é comum nos festivais brasileiros. No Psica, é regra.”
O estudo analisou dados de 15 listas T&NB em festivais de todo o Brasil, além de entrevistas com artistas, profissionais do entretenimento e pessoas trans frequentadoras de eventos culturais.
Conheça as artistas
Uma das artistas mais relevantes da música pop contemporânea brasileira, Urias chega ao Psica 2025 com um espetáculo que une força vocal, estética futurista, presença cênica e narrativas de corpo e identidade. Com dois álbuns aclamados — Fúria (2022) e HER MIND (2023) — e uma trajetória que transita entre hyperpop, eletrônico, experimental e pop melódico, Urias se consolidou como símbolo de autonomia artística e referência para uma geração de artistas trans no Brasil.
No festival, ela apresenta um show especial convidando Jaloo ao palco, criando um encontro inédito entre dois nomes fundamentais da música brasileira contemporânea — um diálogo entre pop digital amazônico, performance e densidade emotiva.
Multiartista natural de Castanhal (PA), Jaloo é uma das figuras mais importantes surgidas da Amazônia no século XXI. Com uma estética que mistura brega pop, synths tropicais, indie eletrônico e uma visão futurista da música brasileira, a artista se tornou referência dentro e fora do país. Álbuns como #1 (2015) e ft. Jaloo (2019) ajudaram a consolidar sua assinatura sonora, marcada por visualidades fortes, clipes conceituais e colaborações marcantes.
Já Kiara Felippe é um dos nomes centrais da cultura clubber brasileira e tem despontado como artista multifacetada, com atuação em Beleza Fatal, da HBO Max. DJ, performer e liderança na cena de vogue beats, ela transita por ritmos afrodiaspóricos, batidas eletrônicas contemporâneas, afrohouse e pulsos que dialogam diretamente com a cultura queer global. No Psica 2025, Kiara ocupa a pista com um set que traduz sua trajetória nas batalhas de vogue, nos coletivos LGBTQIA+ e em festas que se tornaram referência na noite do Sudeste.
Sobre o festival
Criado em 2012, o Psica é hoje um dos principais festivais independentes do Brasil. Reconhecido pela curadoria ousada e pela valorização da cultura amazônica, já levou a Belém nomes como Elza Soares, Karol Conká, João Gomes, BaianaSystem, Liniker, Pabllo Vittar e Gaby Amarantos.
A histórica edição de 2024 bateu recorde de público, com mais de 100 mil pessoas. Em 2025, “O Retorno da Dourada” marca os 13 anos do projeto, expandindo as conexões sonoras do território pan-amazônico, com atrações nacionais, artistas locais e internacionais.
O Festival Psica 2025 tem patrocínio master da Petrobras e patrocínio do Mercado Livre via Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet), patrocínio de O Boticário e apoio da Tim por meio da Lei Semear. A realização é da Psica Produções, Fundação Cultural do Pará, Governo do Pará, Ministério da Cultura e Governo Federal — do Lado do Povo Brasileiro.
Serviço
Festival Psica 2025 – O Retorno da Dourada
Onde: Cidade Velha – Belém (PA)
Quando: 12, 13 e 14 de dezembro de 2025
Ingressos: Passaportes a partir de R$ 125 (meia) na Ingresse / Gratuidade: Lista TransFree e PCDs
Redes: @festivalpsica / Site Oficial



