‘Uma Família Feliz’: Suspense estrelado por Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini chega aos cinemas
Longa entra em cartaz nesta quinta-feira (4)
Por Débora Anunciação
“O que você fez com a minha irmã?” O questionamento feito por uma criança logo nos primeiros minutos de “Uma Família Feliz” dita o tom sombrio que invade e preenche as quase duas horas do filme que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4). O longa, estrelado por Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, tem roteiro de Raphael Montes (Bom dia Verônica) e direção de José Eduardo Belmonte (Se Nada Mais Der Certo).
Na trama, a depressão pós-parto de Eva (Grazi Massafera) serve como pontapé inicial para uma série de acontecimentos que a isolam em seu condomínio e no próprio núcleo familiar, composto pelo marido Vicente (Reynaldo Gianecchini), pelas filhas gêmeas Angela (Juliana Bim) e Clara (Luiza Antunes) e um bebê recém-nascido.
O enredo começa pela derrocada final, em uma cena angustiante e de tirar o fôlego: o enterro de um corpo em uma cova rasa. Dali, faz o caminho inverso para destrinchar o percurso que levou o caos a uma família de classe média, aparentemente perfeita.
À medida em que a credibilidade e a reputação de Eva são questionadas na comunidade, o espectador se torna um participante ativo, e deve escolher acreditar ou não na protagonista.
Ponto alto da narrativa, a atuação de Grazi Massafera é capaz de sustentar o peso e conferir a ambiguidade necessária ao papel. Logo na primeira vez que aparece na tela, a atriz mostra a que veio e revela uma capacidade que chega a ofuscar os atores com quem contracena ao longo do filme.
O suspense, exibido pela primeira vez durante o Festival de Gramado, é potencializado por uma direção que investe no silêncio de cenas mais longas do que deveriam. Uma espera incômoda por um susto que, quase sempre, não vem.
O plot twist na sequência final não surpreende, mas choca – apenas quem não conhece o currículo audacioso de Raphael Montes. A reviravolta maior acontece na cena pós-créditos, quando o esperado abre espaço para uma nova possibilidade, mais amarga, irônica e pouco satisfatória.