Uma bola no meio do caminho despertou a verdadeira paixão de Byanca Brasil
Cabulosa artilheira do Brasileirão agora veste a canarinho pela primeira vez e sonha com as Olimpíadas
Por Gabriela Puchineli
O caminho do esporte estava traçado na vida de Byanca Brasil, que sempre desejou brilhar como atleta e tinha alguém com quem compartilhar o sonho: seu pai. Natural do Rio de Janeiro, Byanca, 28 anos, já tem mais de uma década no futebol profissional e, atualmente, é atacante no Cruzeiro e na seleção brasileira, mas, antes disso, teve uma passagem curta por outro esporte.
“Gosto de pensar que não fui eu que procurei a bola, mas sim que ela me encontrou”. E, literalmente, veio ao encontro da jovem Byanca de oito anos, em uma pista de atletismo, onde praticava. Durante um treino, uma bola chutada do meio do campo de futebol que ficava no centro da pista de corrida veio até ela, que devolveu de bico e continuou treinando normalmente. No caminho para a casa, ela já sabia e havia contado ao pai: “quero ser jogadora de futebol”.
Jogar bola sendo mulher em 2003 foi um grande desafio para ela, que nem sabia da existência do futebol feminino. Em meio a um cenário desanimador e poucas referências, o pai, Átila, mesmo preferindo o atletismo, deu toda a força que a filha precisou para seguir na sua verdadeira paixão. Byanca começou a treinar nos fundos da casa em que morava até se sentir pronta para os gramados e usava diversos itens para praticar passes e dribles: escada, garrafa pet, chinelo e a parede.
Ter Marta e companhia como inspiração no início foi fundamental. Byanca sentiu um alento ao ver mulheres jogando futebol, ainda que os craques do masculino fossem a grande maioria. As dificuldades podiam desanimar, mas o pai sempre incentivou e nunca a deixou desistir, acreditando e empurrando a filha no caminho da Seleção.
A carioca iniciou nas categorias de base do Bangu, em 2008, e conta com passagens pelo América-RJ, Vasco, Botafogo e Flamengo, mas, em 2013, teve sua primeira oportunidade no profissional no Foz Cataratas, do Paraná. Dois anos depois, levantou a taça da Copa do Brasil pelo Avaí/Kindermann. A primeira taça internacional da carreira veio em 2017, pelo Corinthians: a Libertadores, conquista que voltou a celebrar em 2022, pelo Palmeiras.
Byanca Brasil chegou ao Cruzeiro em 2023 e, logo no primeiro ano, foi campeã mineira e ajudou a garantir a classificação inédita das Cabulosas para as quartas de final do Brasileirão, sendo vice-artilheira do Campeonato, junto com Jhenifer (Corinthians), com onze gols.
Nesta temporada, a camisa 10 do Cruzeiro está na briga pela artilharia mais uma vez e, com o resultado do último jogo, tornou-se a atleta que mais balançou as redes, com a marca de 71 gols em Brasileirões. O destaque chamou a atenção de Arthur Elias, técnico da seleção brasileira, e garantiu a primeira convocação de Byanca. Sua estreia pela Seleção, no último sábado (1), contra a Jamaica, teve goleada por 4 a 0 e grande público.
“Não consigo pensar nem nas Olimpíadas. Quem me conhece sabe o quanto eu busquei a seleção brasileira. Eu passei por muita coisa. Agora é a parte boa. Vou muito leve. É a minha primeira convocação e a última antes das Olimpíadas. Levo uma leveza e sabendo que estou pronta para o momento. Construí isso e estou merecendo essa oportunidade”, disse Byanca ao Globo Esporte.