‘Um segundo mandato de Trump seria um desastre’, diz vocalista do System Of A Down
Tankian conecta crises geopolíticas e mudanças climáticas ao aumento dos refugiados e à instabilidade global
Em meio ao caos dos atentados de 11 de setembro de 2001, o System of a Down, com seu álbum “Toxicity”, alcançou o topo das paradas nos EUA. Dois dias após o ataque, o vocalista Serj Tankian publicou um texto crítico sobre a política externa dos EUA, o que provocou uma onda de controvérsias e quase levou à separação da banda. Tankian, de ascendência armênia e com uma visão crítica sobre o Oriente Médio, descreveu os ataques como uma reação às injustiças globais, gerando uma recepção negativa que quase comprometeu a continuidade da banda.
A autobiografia de Tankian, “Down with the System”, publicada recentemente, explora não apenas sua carreira musical, mas também seu ativismo e suas crenças pessoais. Tankian, que sempre integrou sua identidade política e cultural em sua música, aborda temas como o reconhecimento do genocídio Armênio e a injustiça global, refletindo sobre como essas questões moldaram sua vida e arte. Ele destaca que sua notoriedade como artista amplifica seu ativismo, e que suas opiniões, por vezes controversas, têm resultado em perdas de fãs, mas também em um fortalecimento de seu compromisso com a verdade.
O vocalista revela que, apesar dos conflitos internos e das divergências políticas, especialmente com o baterista John Dolmayan, a amizade dentro da banda permanece sólida. Tankian critica duramente figuras políticas como Donald Trump, afirmando que um segundo mandato de Trump seria desastroso para a Armênia e comparando o atual debate político americano a uma “novela”. Ele também critica as políticas neoliberais, que, segundo ele, alimentam a insatisfação que leva à ascensão de líderes ultradireitistas.
Tankian conecta crises geopolíticas e mudanças climáticas ao aumento dos refugiados e à instabilidade global, argumentando que a poluição e a intervenção militar ocidental são fatores que exacerbam essas crises. Ele lamenta a falta de conhecimento global sobre conflitos como o de Nagorno-Karabakh, onde, segundo ele, crimes de guerra continuam sem a devida atenção internacional. O músico utiliza sua plataforma para alertar sobre o retrocesso da humanidade e o perigo do fascismo.
Além de seu trabalho musical, Tankian também está envolvido em projetos que visam aumentar a conscientização sobre o genocídio armênio e questões relacionadas. Sua autobiografia e outros projetos culturais demonstram seu compromisso com essas causas. Apesar do sucesso passado e da influência contínua do System of a Down, Tankian se concentra em criar novas obras e manter seu ativismo vivo, sem olhar para trás com nostalgia. Ele afirma estar satisfeito com o legado da banda, mas está ansioso para o futuro, sem planos definidos para retornar ao Brasil para novos shows.
*Com informações da Folha