Um longo caminho a percorrer: 69% dos brasileiros ainda acreditam que as mulheres devem ser as principais responsáveis pelo cuidado dos filhos
A pesquisa de opinião foi realizada nos dias 19 e 20 de março, com 2.002 pessoas de 147 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Por Miranda Perozini
Para 69% dos brasileiros, as mulheres devem ser as principais responsáveis por cuidar de filhos recém-nascidos. É o que diz a nova pesquisa do Instituto DataFolha. Os dados apenas constatam que a carga de responsabilidade pelo trabalho dentro e fora de casa, com muitas tarefas e cuidados com as crianças, ainda recai apenas sobre as mulheres.
A pesquisa de opinião foi realizada nos dias 19 e 20 de março, com 2.002 pessoas de 147 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Dentro desse cenário, 71% dos homens concordam que as mulheres são as principais responsáveis pelas crianças, mas 67% das mulheres também concordam com a afirmação, demonstrando que, para a luta e movimento de conscientização acerca do direito das mulheres, ainda há um longo caminho a percorrer.
Os resultados da pesquisa também apontam para uma movimentação geracional. Entre as pessoas de 60 anos ou mais, 83% concordam que as mulheres devem cuidar dos recém-nascidos, ao mesmo tempo, entre os jovens de 16 a 24 anos, 54% concordam, um dado que vai contra a expectativa de um pensamento progressista das novas gerações.
Licença maternidade
Indo em direção contrária aos resultados sobre a responsabilidade pela criação de um bebê, 67% dos entrevistados acreditam que homens e mulheres deveriam ter direito ao mesmo período de licença do trabalho para cuidados com os filhos. No Brasil, as mães têm direito a um período de 120 dias enquanto os pais podem tirar 5 dias corridos após o nascimento do filho.
Os homens foram os que mais concordaram com a ampliação da licença paternidade, com 77% a favor, enquanto as mulheres também mostraram forte apoio, totalizando 75%. Por outro lado, quando se trata da licença-maternidade, as mulheres lideram o apoio com 88%, em comparação com 78% dos homens.
Além disso, há uma correlação entre renda familiar e apoio à ampliação das licenças. Quanto maior a renda, mais as pessoas tendem a apoiar a ampliação da licença paternidade, enquanto para a licença-maternidade, o apoio é maior entre aqueles com renda mais baixa.