Um ciclo Olímpico diferente: conheça Raquel Kochhann
Porta- bandeira, mulher, jogadora do rugby sevens e 1° atleta brasileira a disputar olimpíadas pós câncer
Por Allana Fonseca
Nascida em 6 de outubro de 1992 em Saudades, Santa Catarina, ela mostrou desde cedo talento para o esporte, começando sua jornada como zagueira nas categorias de base do Juventude. O amor pelo futebol a levou a deixar sua cidade natal e se mudar para Caxias do Sul, onde buscava oportunidades para crescer no esporte
No entanto, aos 17 anos, um contratempo surgiu quando uma entorse no pé a afastou temporariamente da seleção brasileira sub-17. Esse momento acabou redirecionando seu caminho para a Educação Física. Aos 19 anos, enquanto explorava novas modalidades esportivas, teve seu primeiro contato com o rugby ao integrar a equipe local do Serra
Seu talento e dedicação não passaram despercebidos, e logo foi convidada a se juntar aos Charrua, um dos principais clubes de rugby do Brasil. Com sua habilidade, consolidou sua posição no time, tornando-se uma peça fundamental. Aos 22 anos, seu trabalho árduo foi reconhecido quando recebeu a convocação para a seleção brasileira de rugby, realizando assim um sonho de infância ao vestir a amarelinha e representar o país internacionalmente.
DA DESCOBERTA DO CÂNCER AO TRATAMENTO
Em 2022, enfrentou uma série de desafios de saúde significativos. Primeiro, sofreu uma lesão no Ligamento Cruzado Anterior (LCA), o que exigiu uma cirurgia para reparo. Pouco depois, durante exames médicos relacionados à sua saúde, foi descoberto um caroço no seio, o que levou à necessidade de uma mastectomia. Em seguida, veio a notícia de que o câncer tinha se espalhado do seio para o esterno, resultando em uma batalha simultânea contra dois tipos de câncer.
Este período foi extremamente desafiador, testando não apenas sua resistência física, mas também sua resiliência. Apesar das adversidades, ela enfrentou a situação com uma incrível força interior, buscando tratamento e apoio para enfrentar os desafios com a esperança de superar essa fase.
Durante 20 meses, Raquel permaneceu afastada das competições devido aos desafios de saúde que enfrentou. Durante esse período, ela se dedicou ao treinamento sempre que possível, mantendo o otimismo que sempre foi uma de suas características marcantes.
Em dezembro de 2023, finalmente recebeu a notícia esperada: estava apta para retornar e fazer parte oficialmente do time dos Charruas Rugby mais uma vez. Esse retorno não apenas marcou sua superação pessoal, mas também a celebração de sua determinação e persistência diante das dificuldades.
A volta aos treinos e competições representou não apenas um retorno ao esporte que tanto ama, mas também um novo capítulo em sua jornada de vida, inspirando não apenas seus colegas de equipe, mas todos ao seu redor com sua resiliência e espírito combativo.
O APOIO DO TIME A SUA CAPITÃ
Yaras, como é carinhosamente conhecida a equipe de Rugby feminino, recebeu um duro golpe com a notícia do câncer de sua capitã logo após um ciclo olímpico. No entanto, Raquel não permitiu que o desânimo dominasse o ambiente.
Ao longo do tempo, as jogadoras de rugby sempre compartilharam seus momentos com a capitã, o que fortaleceu o verdadeiro espírito de equipe. Essa união não apenas ajudou a enfrentar os desafios dentro e fora de campo, mas também criou laços profundos de apoio mútuo.
A notícia do câncer da capitã, foi um momento difícil para todas, mas Raquel assumiu o seu o papel de liderança com determinação, incentivando as Yaras a manterem o foco e continuarem trabalhando juntas em busca de novas conquistas. Seu exemplo de resiliência e otimismo foi fundamental para elevar o moral da equipe e manter viva a chama da paixão pelo rugby.
Assim, as Yaras seguiram em frente, enfrentando os desafios com coragem e unidas pelo amor ao esporte e pela admiração mútua que tinham por sua capitã.