Por Lorena Alves e Thaís Chaves / Mídia NINJA

Na última semana, dois casos se destacaram pela misoginia presente no espaço universitário: o da Universidade Federal do ABC, e o da Faculdade Cásper Líbero.

Entre as atividades da gincana do segundo dia da Semana de Integração Universitária (SIU) da UFABC (Universidade Federal do ABC), promovida pela Associação Atlética XI de Setembro (AXIS) e Tamandualcool — torcida organizada da faculdade — , uma fotografia dentro do campus de Santo André causou aversão nas redes sociais. Nela, alunos aparecem com as calças abaixadas fazendo gestos de caráter misógino.

O caso é semelhante ao de estudantes de Medicina da Universidade de Vila Velha, Espírito Santo, em que posaram trajando jalecos brancos com as calças abaixadas e as mãos simulando o órgão sexual feminino.

Estudantes de Medicina da UVV reproduzem gesto misógino.

Na Faculdade Cásper Líbero, o caso foi um pouco diferente. Nos preparativos do JUCA (Jogos Universitários de Comunicação e Artes), principal campeonato esportivo que os times da faculdade participam, a atlética da Cásper Líbero, a Associação Atleticana Jesse Owens – ou como é conhecida, Homem Pássaro -, ao encaminhar as fotos oficiais de cada time para o campeonato, não percebeu que nas fotos dos times de futebol de campo, handebol e basquete masculinos, há atletas fazendo o sinal representativo de uma vagina.

As fotos foram veiculadas nas redes sociais pelos próprios atletas.

O caso da UFABC: semana de integração começa sendo palco de machismo

Além dos calouros, a foto é composta por um homem fantasiado de tamanduá, o mascote da Axis. A presença de uma entidade valida um ato extremamente fora da via, representando como caminha o movimento estudantil. A expressão de violência sexual contra mulheres teve como legenda ofensa a estudantes da faculdade Mackenzie, e foi publicada em um grupo de estudantes da universidade no Facebook, composto por 19 mil integrantes.

Estudantes da UFABC imitam símbolo repercutido da foto de estudantes da UVV

Os responsáveis pela atividade lançaram notas de esclarecimento, porém não é a primeira vez que a universidade enfrenta esse tipo de problema. A publicação fez parte da gincana aos calouros e a última etapa constituía em fazer uma postagem no grupo da UFABC contendo um texto + imagem, esta que deveria ser “criativa”, com o objetivo de mostrar o amor à torcida e à atlética.
A publicação foi retirada do grupo de alunos da faculdade, e o DCE da UFABC, representado pela gestão Todas Vozes, considera imprescindível que a administração da universidade tome as devidas providências para não permitir que eventos assim promovam esse tipo de comportamento, nem sejam associados à instituição.

Uma das questões levantadas por alguns veteranos da faculdade e também pelas entidades que compõem a UFABC é que, “os veteranos têm total responsabilidade pelas atividades que administram e devem prezar pela integração não violenta e não discriminatória, assim como orientar os (as) ingressantes sobre posturas inadequadas e não estimular qualquer atitude que desrespeite e agrida um grupo, pessoa ou instituição”, avaliou em nota o Coletivo Feminista Claudia Maria, o Diretório Acadêmico Sigma, o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do ABC (SinTUFABC), o Movimento de Mulheres Olga Benário e a Frente de Mulheres da UFABC.

A AXIS garante que está buscando um maior cuidado e fiscalização nas próximas atividades da SIU, bem como nas próximas atividades da gestão. Não adiantam apenas notas de repúdios, ações como essas exigem término imediato e mudanças.
Amanda Mamede, 22 anos, Diretora da Comunicação do Diretório Acadêmico da UFABC, nos relatou um pouco mais sobre o ocorrido. A estudante ressaltou que além do cargo que exerce dentro da universidade, ela foi atingida enquanto aluna.
Além disso, salientou que não é um caso específico da UFABC, resgatando o caso dos estudantes de Medicina da UVV (Universidade de Vila Velha): “Quando vemos casos como o dos alunos de Medicina da UVV é de se esperar a repugnância, mas nunca achamos que pessoas da mesma instituição que estudamos possam reproduzir tal ato horrível”.

Mamede destaca a importância das entidades estudantis declararem posicionamento, e a necessidade de discussão nos espaços universitários: “O machismo se faz presente diariamente e não podemos deixar passar situações como essa. Eu, como aluna e diretora de uma entidade representativa, acredito que medidas devem ser tomadas, não precisam, nesse momento, serem extremas, mas principalmente educativas, por se tratar de ingressantes”.

“Não podemos deixar passar em branco casos como esse, e sim torná-los exemplos de coisas a não serem seguidas, propondo oficinas educativas com os integrantes da foto, por meio de apoio da faculdade, oficinas de conscientização da problemática que é o machismo e métodos para combatê-lo, além de mostrar aos homens que mesmo suas atitudes mais ‘ingênuas’ podem sim estar carregadas do machismo que trazem da cultura que vivemos”, pontuou a diretora.

Pouco foi divulgado na mídia sobre o ocorrido. O silêncio representa a falta de interesse em investigar o significado da fetichização dos corpos femininos, representação que o símbolo famoso de astros do futebol internacional tem como poder de influência na vida não só de jovens, mas especialmente em times universitários.

Os símbolos importam e são ferramentas básicas da Comunicação Social. É de se lamentar que os times de futebol tenham optado por se assemelharem a atitudes erradas, reproduzidas por muitos jogadores conhecidos no mundo esportivo.

Amanda reconhece o papel fundamental da comunicação nesse processo, e ressalta que a comunicação das entidades estudantis luta sempre para levar a informação aos alunos, contra todo tipo de discriminação. “Lembrando que, além dos ingressantes presentes na foto, a entidade coordenadora da atividade na qual eles participaram também teve sua parcela de culpa e deviam, ao invés de ‘fechar os olhos’ para uma situação como essa, alertar e orientar tais ingressantes a uma postura diferente, respeitadora”, destaca.

A história se repete

A diretora da Comunicação do Diretório Acadêmico da UFABC alerta sobre outros casos machistas que a universidade enfrentou. Com pouca visibilidade, passaram quase despercebidos pela mídia e sem mudanças nas atitudes dos alunos.

Como exemplo, citou uma campanha de conscientização realizada há alguns meses pelo coletivo feminista da universidade. As integrantes do coletivo colheram informações anônimas de alunas que passaram por momentos machistas dentro da sala de aula por parte de professores doutores, que por mais graduados que sejam não escapam de reproduzirem pensamentos e atos machistas. Segundo Mamede, eles usam os comentários misóginos como desculpa de ser ‘brincadeira’. Assédio não se brinca.

Nessa ação feita pelo coletivo, elas espalharam cartazes pela faculdade com frases que mulheres ouviram dentro da sala de aula na universidade. Não são poucas. Amanda considera que a luta estudantil está crescendo e se fortalecendo na universidade, e que esse deve ser o caminho para que casos como o ocorrido sejam repudiados e acabem.

Confira o relato da presidente do DCE da UFABC para Mídia Ninja, sobre o ocorrido:

“Meu nome é Isis Mustafa, tenho 20 anos e estudo na UFABC desde 2015. Embora a fama da universidade seja de ‘UFABC é só amor’ isso não é verdade. Graças a iniciativa do coletivo feminista e das mulheres da Pró Reitoria de Assuntos Comunitários e Políticas Afirmativas, o trote e as festas têm obrigatoriamente comissões de segurança. Naturalmente as entidades resistiram em se comprometer com essa resolução.

Essa tal de torcida organizada Tamandualcool já esteve envolvida em outros casos de machismo no trote. Assim como nas atléticas Brasil a fora, a regra mesmo é serem negligentes com o combate ao assédio.

Mas a questão é que, embora exista um setor na universidade que deve promover políticas de combate ao machismo e outras opressões – a PROAP no caso – ainda são insuficientes porque não deve ser uma política direcionada, deve ser universal. É necessário que ocorra debates de gênero nas salas de aula, além de iniciativas na semana de integração por parte da universidade. É injusto que essa responsabilidade sempre fique nas mãos dos coletivos e entidades do movimento estudantil, como se fossem questões secundárias à universidade, as quais só os movimentos sociais devam dar conta.

Esse ano, o DCE e o coletivo feminista Cláudia Maria se dedicaram a cuidar especificamente da comissão de segurança na festa do trote, para garantir a segurança das mulheres e o bem-estar dos ingressantes.

Nós não concordamos com a repetição das velhas práticas no trote, de humilhação e opressão. E esse pessoal, que faz isso sempre, é constrangido publicamente, mas sempre voltam a fazer.

Então, enquanto não houver uma política de sanção e prevenção por parte da UFABC, vai ser sempre algo que ‘as feministas chatas reclamam sozinhas e fazem textão’.

Inclusive a Tamandualcool publicou um evento tirando sarro do acontecido chamado ‘I campeonato de textão da UFABC’. A punição tem que ser para os veteranos envolvidos na comissão disciplinar discente.

Enquanto mulher, eu não me sinto confortável nas festas da universidade. Se não estamos na organização, chega um determinado horário da festa que não nos sentimos mais confortáveis.

A política da comissão de segurança é muito avançada, mas ainda tem suas restrições, porque muitas festas boicotam a comissão e, essa reprodução do discurso machista e misógino logo quando o estudante entra na universidade é uma manutenção de uma estrutura que temos que derrubar e que já era para ter caído.

A violência sexual é uma realidade nas festas universitárias. Eu sou do coletivo feminista e posso te dizer que não conto nos dedos quantos casos de estupros de estudante da universidade eu já recebi; ano passado as mulheres da UFABC organizaram uma assembléia que reuniu mais de 300 mulheres depois que uma estudante foi estuprada ao lado do campus.

Nessa ocasião nós ocupamos o ConsUni (Conselho Universitário — órgão ao qual competem as decisões para execução da política geral) da UFABC, conquistamos vitórias para as mulheres e nossa segurança, como o ônibus da linha 53 que agora passa na frente do campus de São Bernardo.

Tudo isso mostra que é só se mobilizando que derrubamos atitudes como essa, mas temos que ficar sempre vigilante, porque embora tenha sido ‘só’ uma foto, representa que não estamos isentas dentro da universidade de ter veteranos que reproduzem esse tipo de coisa.

A universidade aparenta ser um lugar avançado politicamente, mas não é. Essas organizações que reúnem esse tipo de ideologia se escondem atrás de um falso combate ao machismo, quando na verdade, reproduzem tudo isso”.

Cásper Líbero não escapa de polêmicas.

Os casos relatados, entretanto, não foram os primeiros das duas universidades. A Faculdade Cásper Líbero, por exemplo, conta com um histórico de assédios.

Em um trabalho realizado por alunos do 2º ano de Jornalismo da faculdade para a matéria de Assessoria de Imprensa e Comunicação Corporativa sobre a Homem Pássaro, foi realizada uma pesquisa dentre os alunos da faculdade a respeito de suas impressões da entidade.

Quando questionados se já sofreram ou viram alguém sofrendo algum tipo de assédio, abuso ou opressão, dos 174 entrevistados, 65 alunos responderam que já passaram por essa experiência. 40 desses 65 alunos responderam quando questionados se a Atlética pôde auxiliá-los, e deles, 19 disseram que a mesma ignorou o caso ou até se prontificou ao auxílio, mas depois não deu continuidade ao processo. Um dos alunos, em resposta à última pergunta, diz que “não acha que a Atlética tenha como escolher o público”.

O levantamento de que a presença de não-alunos da faculdade ou formados nas festas é recorrente em grande parte dos casos de abusos. Uma aluna de Rádio, TV e Internet, formada pela Cásper Líbero – que preferiu não se identificar – conta um caso similar de quando era caloura.

O caso ocorreu na festa Pororoca Louca, que já foi considerada uma das melhores festas universitárias de São Paulo (SP) e também uma das que mais atrai público de fora da faculdade. A ex-aluna relatou que os ingressos para não-alunos da festa foram vendidos muito rapidamente, o que atrapalhou até a locomoção no espaço.

Enquanto tentava se movimentar, viu uma colega de turma levando um soco na cara por um rapaz por ter esbarrado nele despropositadamente. “Já é ruim você estar em ambientes com pessoas que você conhece e que podem fazer coisas ruins, imagina como é ruim você estar em um ambiente com pessoas que você não conhece”, conta ela.

A ex-aluna, que estava com o namorado, tentou encontrar o agressor com o auxílio dos seguranças que, segundo ela, foram prestativos. Depois de localizarem o agressor, a vítima chamou a Polícia para prestar boletim de ocorrência. A Atlética pediu para que a mesma fosse embora, utilizando a desculpa de que assumiriam a situação. A vítima foi embora, mas a ex-aluna e o namorado foram colocados na mesma sala que o agressor, que negava a situação.

Quando a Polícia chegou, 2 horas após o chamado da vítima, informaram que não poderiam efetuar o boletim de ocorrência sem a vítima presente. A Atlética nunca mais fez algo a respeito. A ex-aluna relata também que a colega, após o furor do caso, afirmou que o agressor havia “dado em cima dela” anteriormente e ela não consentiu, portanto, imagina que a agressão tenha se dado devido a isso.

Após essa situação, descobriu com a colega que o agressor em questão era amigo íntimo de um dos patrocinadores da festa e tinha ganhado um ingresso para a mesma, o que as levam a conclusão que este foi o motivo pelo qual a entidade nunca deu um auxílio ou posicionamento sobre o caso.

“Na época, eu fiquei com muito medo de botar a boca no trombone porque eu era bixete, tinha medo de ser perseguida, o pessoal era muito mais opressor. Os nossos veteranos botavam muita pilha na gente em relação a tudo, não tinha um centro acadêmico presente, não existiam as frentes. Eu me senti com medo e desamparada para falar sobre a situação toda”, finaliza a ex-aluna.

Anos se passaram e a festa Pororoca Louca, mesmo com o surgimento de coletivos que possuem o objetivo de combater abusos e assédios, continua com a fama de problemática. Na última edição, em 2016, foram tantas postagens e comentários relatando casos problemáticos e/ou de assédios no dia posterior a festa, que a Atlética se manifestou em nota: acesse.

No caso atual da Cásper Líbero, a Frente LGBT+ Casperiana, ao denunciar o caso e trazer a discussão à tona, incentivou outras entidades da faculdade também a se posicionarem:

“A Frente LGBT+ tem mais da metade do grupo de ação formado por mulheres lésbicas e feministas, por isso entendemos que esse assunto diz respeito a nós tanto quanto a qualquer outro coletivo”. Leia na íntegra.

Em depoimento, uma representante da Frente LGBT+ comenta: “a gente acha que a Cásper é uma faculdade ‘supermobilizada’, e então acontece isso pelo time mais prestigiado pela Atlética”. Ela conta que seu coletivo ficou assustado quando recebeu as denúncias, mas que, apressados, não pensaram duas vezes que precisavam tomar uma atitude.

“A nota de repúdio foi importante, pois gerou um grande debate a respeito e inclusive reuniões com os outros coletivos, o que fica evidente a sincronia dos coletivos da faculdade em repudiar o que ocorreu, além de chamar atenção ao fato”, comenta.

Apesar da surpresa, ela complementa que “tem muito a ver com quem são esses caras: homens brancos, heterossexuais, protegidos pelo uniforme de um time. É uma sequência de privilégios. Eles fazem essas coisas achando que não vai acontecer nada”. Acesse.

“O ambiente universitário é machista. Dentro das faculdades, mulheres são sistematicamente objetificadas e vítimas de assédios das mais variadas categorias. São caluniadas, expostas, perseguidas, têm seus nomes escritos em paredes ao lado de dizeres violentos e a intimidade vazada. Abusos sexuais e estupros também não estão fora da realidade da Cásper Líbero (…)

Reforçamos que prezar por um ambiente universitário seguro, onde mulheres possam desfrutar da mesma liberdade e respeito que os homens, é um compromisso que deve partir de todas as alunas e alunos. Propomos então o boicote aos jogos de handball masculino, futcampo e basquete masculino que acontecerão no Juca 2017. Em vez de comparecermos aos jogos destes casperianos que fazem apologia ao estupro, devemos fortalecer o esporte feminino. Jogadores machistas não nos representam” – Nota de repúdio da Frente Feminista Casperiana Lisandra.

O Centro Acadêmico da faculdade também se posicionou: “O CAVH, como entidade política que preza, a priori, o respeito entre os alunos e a sensação de justiça na vida acadêmica e universitária, conclui que tais atos ferem nossos ideais”. Leia na íntegra:

A Atlética da Cásper Líbero emitiu uma nota oficial sobre o ocorrido: “Pedimos desculpas às frentes e as pessoas que foram ofendidas e se sentiram desconfortáveis. Encaramos um processo de mudanças e conscientização, e buscamos estender isso às equipes e a todos. Por um erro grave de revisão na edição das fotos, falhamos e as deixamos serem divulgadas sem a devida checagem”. Leia na íntegra:

Lucas Adorno, membro da Atlética Homem Pássaro, comentou: “como aluno, vejo que nosso público, os próprios alunos, não estão cientes das causas que os coletivos lutam e combatem. Se existissem mais conversas durante as aulas sobre isso, talvez não tivessem feito o gesto e todos andassem juntos em busca de melhorias”.

A representante da Frente LGBT+ concorda com essa tônica ao comentar que “não acreditam que só o debate funcionaria, porque existem frentes na faculdade para educá-los sobre essas questões já há quatro anos e não houve o interesse prévio”.
Apenas depois de alguns dias da repercussão do caso é que a Atlética Homem Pássaro tomou providências concretas além da nota de repúdio, relatando que irá excluir os atletas que fizeram os gestos dos seus primeiros jogos no JUCA, além de estimular a conscientização por meio de outras atividades sociais.

A Bateria da faculdade, que está sempre presente nos jogos e festas atleticanas, também lançou uma nota no último domingo (28/5), afirmando que, como torcida, não se apresentará em nenhum jogo dos times envolvidos no JUCA, mas que nos primeiros jogos — aqueles que a Atlética da faculdade excluirá os atletas envolvidos — estará presente, mas farão silêncio como forma de protesto.

Ambas as punições e boicotes foram bastante questionadas pelos alunos da faculdade, tendo havido sugestões que “a Atlética devia punir os atletas excluindo-os de todos os jogos”, ou que “os boicotes aos times deveriam ser comparecer em outros jogos de outros esportes no mesmo horário”.

É necessário, no entanto, que se cobre providências formais das instituições. Segundo matéria do jornal Metro sobre o caso da UFABC, no dia 25 de maio, a direção da UFABC disse que lamentava o episódio e manifestou seu repúdio a qualquer forma de desmoralização da mulher ou qualquer tipo de constrangimento.

“Respeito, ética e urbanidade são valores essenciais para a manutenção de um ambiente acadêmico saudável, e a universidade sempre os defenderá”, diz em nota.

No caso da Universidade de Vila Velha, o comunicado da universidade foi: “Ao tomar conhecimento das fotos divulgadas por alunos em suas redes sociais particulares, a direção determinou que a coordenação de Medicina ouvisse os alunos e os alertasse acerca da gravidade das publicações.

Em seguida, foi procedida a abertura de um processo de sindicância para apuração do ocorrido e para penalização dos que vierem a ser responsabilizados. Deixamos claro que os atos dos alunos foram iniciativas pessoais e em completo desacordo com orientações que recebem dos professores e coordenadores da instituição ao longo da sua formação acadêmica”.

A direção da Faculdade Cásper Líbero, até o momento não emitiu posicionamento.

Em uma breve análise da postura dos homens e mulheres na repercussão dos casos recentes, é notório que o pedido de desculpas feito pelos homens foi enquanto atletas, ou preocupados com a imagem perante a faculdade, como no caso da UFABC, visto que os veteranos estavam orientando a atividade de integração e permitiram, tal como transmitiram a imagem para os calouros, a perpetuação da violência contra a mulher.

Após discussão da postagem no grupo dos estudantes, as duas meninas que aparecem na imagem beijando o tamanduá (mascote da atlética), publicaram o seguinte esclarecimento no grupo, composto por 19 mil estudantes da faculdade:

Os símbolos repercutem, as figuras famosas fazem, a sociedade reproduz. E a universidade ainda é um espaço onde essas reproduções infelizmente acontecem. Apesar dos ocorridos, é importante salientar o papel dos órgãos estudantis que terão em mãos um grande trabalho a ser feito e construído nos próximos passos do movimento universitário.

As mulheres envolvidas no caso da UFABC se desculparam reconhecendo o recorte de gênero, e os homens em todos os casos apresentados têm uma grande missão de, além de não perpetuar a misoginia com gestos em apologia ao estupro, não bater palma para os “amiguinhos” quando os mesmos são responsáveis. Não se destrói o machismo em uma luta individual.