UEL reage ao bloqueio de 6 milhões, imposto pelo governo do Paraná
No último dia 30 de maio, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), bloqueou de forma arbitrária mais de R$6 milhões da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em represália à não aceitação, pelo Conselho Universitário, da chamada Meta 4: uma tentativa de submeter a folha de pagamentos da Universidade ao Governo Estadual, excluindo sua autonomia […]
No último dia 30 de maio, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), bloqueou de forma arbitrária mais de R$6 milhões da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em represália à não aceitação, pelo Conselho Universitário, da chamada Meta 4: uma tentativa de submeter a folha de pagamentos da Universidade ao Governo Estadual, excluindo sua autonomia orçamentária.
De acordo com o vice-reitor da Universidade, Ludoviko Carnasciali, os recursos suspensos, em sua maioria, são próprios, oriundos de inscrições para o vestibular de veterinária e educação física, vendas de refeições do Restaurante Universitário (RU), entre outros.
“Ficamos muito desanimados. Tenho a certeza de que se trata de um controle político, porque ao adotar a meta 4, todas as decisões serão tomadas em Curitiba, não mais em Londrina”, ressaltou Ludoviko.
A professora da UEL e chefe do departamento de Design, Paula Hatadani, concorda que o bloqueio é uma decisão política sob o comando de Beto Richa: “Não tenho nenhuma dúvida de que se trata de retaliação política”, e complementa: “Por conta da tentativa do governo de impor o meta 4, alguns setores da Universidade já estavam organizando uma campanha unificada para tratar do tema, mas como houve nesse meio tempo o bloqueio, resolvemos já lançar a campanha #ForçaUEL como forma de reação e mobilização”.
As universidades públicas possuem autonomia para definir gastos, garantida na Constituição Federal, e entendem que a Meta 4 seria uma forma de condicionar a liberação de recursos às decisões políticas do Estado.
O Conselho Universitário Unificado do Paraná (reunindo as instituições estaduais UEL, UEM, Unioeste, UEPG, UNESPAR, UENP e UNICENTRO) foi convocado e decidiu não aderir ao sistema. Dias após a negativa do Conselho, o governador Beto Richa decidiu, sem aviso prévio, bloquear os recursos. Hoje tanto a UEL como as demais instituições já dispõem de dispositivos para controle do orçamento e transparência de todos os gastos.
Estudantes e professores da UEL, contudo, reagiram imediatamente. “Realizamos palestras com os alunos dos cursos do CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes) para esclarecer a situação”, comentou Hatadani. Ela conta também que os estudantes de design de moda fizeram estampas com a hashtag #ForçaUEL para serigrafar camisetas.
A ideia é que a comunidade interna utilizasse as camisetas durante o Cortejo #ForçaUEL, que aconteceu nesta sexta (9) na pracinha do CECA. “Um dos objetivos do ato é o de produzir um vídeo para contaminar mais pessoas, divulgar nas redes sociais e explicar o que está acontecendo na UEL”, diz Paula. O vídeo será produzido por integrantes de uma comissão de comunicação que foi montada durante esta semana.
A aluna de Relações Públicas, Lanah Stievano Consolini é integrante dessa comissão e relata que, além do vídeo, o grupo vai elaborar conteúdo para redes sociais e para a Rádio UEL FM. Outros cursos também estão se organizando. “Os alunos de musica e artes cênicas fizeram uma comissão de agitação, com produção de vinheta para a rádio, gritos de guerra e intervenções; o pessoal do design gráfico e artes visuais está produzindo faixas, banners e materiais desse tipo; os estudantes de pedagogia estão se mobilizando para ir às escolas públicas explicar a situação da universidade e os de arquivologia e biblioteconomia estão montando um banco de dados com informações sobre o movimento”, detalha Lanah.
A UEL segue com as atividades desde a suspensão dos R$ 6 milhões, porém, segundo o vice-reitor Ludoviko, a decisão impacta nos projetos de graduação, bolsas para indígenas e verbas de custeio em geral. “Primeiro, o RU será afetado porque trabalhamos com perecíveis e não temos estoques. Depois, as creches, tanto a do Hospital Universitário quanto a do campus. As aulas práticas de campo também serão prejudicadas, porque os motoristas do ônibus precisam de diária, alimentação e gasolina. Além de toda verba de custeio, desde o papel higiênico, giz, material de higienização de cozinhas, banheiros”, conclui.