Por Domiziana Marinelli para o projeto Correspondente na UE

Em 24 de fevereiro de 2022, a guerra recomeçou na Europa quando a Rússia atacou a Ucrânia. Isso aconteceu após uma longa escalada de tensões entre o presidente Putin e os países da OTAN (principalmente EUA e Estados Membros da União Europeia – UE), que hoje são ameaçados à medida que as tropas russas se aproximam das fronteiras da UE.

Como afirmou Roberta Metsola, Presidente do Parlamento da UE, a União Europeia mudou mais nas últimas semanas do que nos últimos trinta anos.

Num mundo em mudança, a UE está a transformar radicalmente o seu papel no tabuleiro geopolítico global. Esta guerra está girando em torno do delicado tema da energia, que vê a Europa ligada à importação de gás estrangeiro para 45% de seu suprimento de energia. À medida que os Estados Membros aumentam suas despesas militares com o objetivo de atingir 2% do PIB, os cientistas, ONGs, acadêmicos e a comunidade internacional alertam sobre o impacto que esta guerra terá no planeta.

Esta mudança para uma Europa armada e defensiva terá impacto nos seus ambiciosos planos energéticos e ambientais para o futuro? Qual será o impacto no Pacto Verde da União Europeia, a ambiciosa estratégia ambiental e energética que a UE tem em seu horizonte para 2050? Como será organizada a estratégia para pessoas refugiadas?

Vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans (CC-BY-4.0: © European Union 2022– Source: EP)

Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo Green Deal, informou o Parlamento da UE em 7 de março que, apesar desses tempos difíceis, o Green Deal da UE e a estratégia Fit for 55 (o plano da Comissão Europeia para colocar a UE no caminho para cortar as emissões de gases de efeito estufa em 55% até 2030) “não se tornaram menos urgentes, mas sem dúvida ainda mais urgentes por causa do desafio que agora nos foi lançado. Porque não podemos estar em uma situação em que a dependência da energia russa venha com amarras”.

A posição da União Europeia é clara, uma vez que é necessário acelerar a transição para uma energia e eficiência sustentáveis, mas também a importância da agricultura sustentável é vital para o futuro da UE. “A Farm to Fork, ou Fazenda para o Garfo (tradução livre), estratégia agroalimentar da União Europeia, é parte da resposta e não parte do problema”, reforçou Timmermans.

Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia em discurso no Parlamento Europeu (CC-BY-4.0: © European Union 2022– Source: EP)

Em um debate conduzido em 9 de março no Parlamento Europeu, Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia, Estado-Membro da UE que compartilha com a Rússia não apenas 300 km de fronteiras, mas também um passado de invasões, compartilhou também algumas palavras sobre o futuro da União Europeia e a importância de “paciência estratégica”, pois a guerra parece não parar tão cedo.

Durante o debate, o Alto Representante Josep Borrell falou sobre o início de uma nova era, sendo esta a fase de “armamentização da interdependência”, avaliando a necessidade de a União Europeia ser independente do gás russo. O conflito na Europa Oriental pode colocar uma pausa no Green Deal da União Europeia, com países retornando a um maior uso do carvão para cortar essa dependência à Rússia, e investimentos maiores em armamentos, ou pode acelerar o processo de diminuir o uso de combustíveis fósseis.