Oficialmente o exército de Israel admitia ter matado o jovem Muhamad Hosam Habal, de 22 anos da cidade Tulkarem (noroeste palestino), em razão de um “violento motim em que dezenas  palestinos lançaram pedras”. Esta “estória” se faz presente de forma recorrente na narrativa por parte do Estado de Israel para justificar prisões que já beiram 6.000 neste ano, sendo 300 crianças mantidas em cárcere.

Imagens do circuito de segurança conseguidas pelo jornalista Sam As-Sai, desconstruíram a versão israelense. O vídeo mostra Habali, descapacitado física e mentalmente, caminhando com ajuda de um bastão ao lado de amigos, antes do início dos disparos do exército próximo a um restaurante.

O palestino é alvejado pelas costas numa distância de 80 metros. O jovem, segundo a família, somente conseguia realizar trabalhos simples devido a deficiência cognitiva.

Em 9 de março, Israel já tinha assassinado outro deficiente, segundo o jornal “The Times Of Israel”. Mohamad  al-Jabari era da localidade de Al-Jalil (Hebrón) na Cisjordânia ocupada. Nesta sexta (14/12) foi a vez do adolescente Mahmud Yusef Najleh, de 16 anos, no acampamento de refugiados de Al-Jalazun ao norte de Ramalá, lado oeste da Palestina. Mais uma vida quitada, num montante que já chega a 348 neste ano.

Foto: Prensa Islamica

 

O país sionista que somente possui os EUA como aliado dentre 194 nações na ONU, tenta talhar uma “estória” que mesmo tendo o poder bélico nuclear, se coloca apenas como uma posição de defender-se de pedras lançadas de batoques. Este ato de defesa, esconde uma prática de ataque como ferramenta de uma política de extermínio. O modelo permite apropriar-se de terras palestinas, impedir novas construções por parte dos muçulmanos ao passo que lhes derrubam residências, escolas e templos.

Enfim, nesta última semana os israelenses marcharam em protesto contra Benjamin Netanyahu aos gritos de criminoso. Não se apresentava no ato nenhuma referência  a preocupação humanitária com os palestinos assassinados, nem mesmo o genocídio de 2.300 palestinos em 2014, na maioria crianças e idosos. Em verdade, para os israelenses os crimes do primeiro-ministro não são contra a humanidade, e sim na escalada dos preços internos ou nas denúncias de corrupção do seu governo.

Coube neste sábado o filho, e não o pai, externar o sentimento real dos israelenses sobre a população palestina e muçulmana. Segundo Yair Netanyahu:

“Somente haverá paz nos territórios ocupados quando todos os muçulmanos forem embora. Sabe onde não ocorre ataques terroristas? Na Islândia e no Japão. A razão é que não existe população palestina e muçulmana nestes países.”

Ao alardear pelo mundo que se defende, Israel avança sobre o que não é seu por direito. Pouco se preocupa com as vidas palestinas, quando objetiva crescer seu patrimônio a partir de apropriar-se de bens dos territórios ocupados. Nesta ordem de ideias se alinha o presidente turco Tayyip Erdogan no discurso que proferiu na conferência sobre a Palestina, no final de semana:

“Hoje em dia os palestinos estão sujeitos as pressões, violência e intimidação não menos graves que a opressão imposta aos judeus na Segunda Guerra Mundial. Bombardear crianças que brincam nas praias de Gaza é um crime tão grave contra humanidade como o crime desumano chamado holocausto. Estão cometendo um genocídio cultural usurpando terras, negócios e casas de oração dos muçulmanos. Estão enganando a si próprios crendo que podem destruir a espiritualidade de um povo ao mover consulados e embaixadas.”

Cabe a história abordar quem são os verdadeiros terroristas do tempo presente. Se existe uma relação da escala do poder bélico e do aporte de capital nas guerras induzidas por interesses da grande potência, e como avaliar seu peso na denominação do que é em realidade um ato terrorista. Entrementes, podemos ficar presos a uma falácia de que qualquer força que enfrente o poder hegemônico tenha caráter terrorista.

Em verdade quando as tensões aumentam no mundo islâmico, os conglomerados ocidentais aumentam seus ganhos. Quando os conflitos se intensificam no Oriente Médio, os países ocidentais vendem mais armas.

Neste projeto parece evidente que Israel desempenha o papel de representante da OTAN e dos EUA na região, com a capacidade de gerar o desequilíbrio. No sentido de dirimir qualquer dúvida, basta olhar o mapa da Palestina de 1967 e comparar com o da Palestina de 2018, é um genocídio xenófobo demasiadamente claro.