Foi para os Jogos Olímpicos Rio 2016 que a primeira equipe de refugiados foi formada. Na época, com 10 integrantes, a medida tinha como objetivo aumentar a sensibilização sobre as centenas de milhares de pessoas fugindo de conflitos e da pobreza, como mencionou o presidente do COI, Thomas Bach, durante a apresentação da equipe de refugiados para a Olimpíada de 2024, ocorrida em maio.
Em Paris 2024, serão 36 atletas na Equipe Olímpica de Refugiados, a maior dentre as três edições – Rio, Tokyo e Paris e competirá sob a sigla EOR, do francês équipe olympique des réfugiés. A participação de esportistas originários de países como Etiópia, Eritréia, Venezuela e Sudão do Sul – são 11 diferentes origens – acontecerá em 12 modalidades: atletismo, badminton, boxe, breaking, canoagem, ciclismo, judô, levantamento de peso, luta, natação, taekwondo, e tiro esportivo.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) a composição da equipe seguiu critérios como o desempenho esportivo de cada atleta e o status de refugiado, além da busca por uma representação equilibrada de esporte e gênero, e a dispersão dos países de origem.
A agência também destaca que a equipe representará mais de 120 milhões de pessoas. Conforme o último levantamento divulgado em junho de 2024, existiam 117,3 milhões de pessoas em todo o mundo deslocadas à força no final de 2023. Contudo, com base em dados operacionais, o ACNUR estima que o deslocamento forçado continuou a aumentar e até o final de abril deste ano teria ultrapassado 120 milhões.
Foto: IOC/ John Huet – A equipe de refugiados durante a preparação pré-jogos, nas instalações do COI em Bayeux, França.
A Chefe de Missão da Equipe Olímpica de Refugiados, a ciclista Masomah Ali Zada, deixou a sua mensagem de incentivo aos atletas durante a cerimônia de apresentação:
“Todos vocês tinham um sonho, e hoje o seu sonho de competir nos Jogos Olímpicos está mais próximo do que nunca. Com todos os desafios que vocês enfrentaram, agora têm a chance de inspirar uma nova geração, representar algo maior do que vocês mesmos e mostrar ao mundo do que os refugiados são capazes.”
O presidente do COI também se dirigiu aos atletas afirmando o enriquecimento que a participação deles proporciona à comunidade olímpica e que além de demonstrarem potencial de resiliência e excelência, enviavam uma mensagem de esperança, além de ajudarem na conscientização sobre a magnitude da crise de refugiados.
Identidade única para representar os mais de 120 milhões
De diferentes partes do mundo, cada atleta é um indivíduo com a sua própria história, mas assim como os mais de 120 milhões de refugiados por eles representados, têm a experiência compartilhada. Essa ideia foi utilizada para a criação de um símbolo que dá à Equipe Olímpica de Refugiados uma identidade única.
As jornadas vividas, são demonstradas através das setas marcadoras de caminhos. No centro, um coração, originário do logotipo da Fundação Olímpica para Refugiados, para representar o pertencimento que a equipe espera inspirar e o acolhimento que pessoas deslocadas encontraram através do esporte.
“Este emblema nos une a todos. Estamos todos unidos por nossa experiência – embora todas diferentes, todos nós tivemos uma jornada para chegar onde estamos. Os atletas não estão representando um país específico, eles estão representando a Equipe Olímpica de Refugiados – ter o nosso próprio emblema cria um senso de pertencimento e nos capacita a também representar a população de mais de 100 milhões de pessoas que compartilham essa mesma experiência. Mal posso esperar para usá-lo com orgulho!” afirmou Masomah Ali Zada.
Foto: Olympic Refuge Foundation
Porta-bandeira definidos
Uma honra concedida a poucos: ser atleta olímpico e porta-bandeira olímpico. E o sonho será realidade para os atletas Cindy Ngamba e Yahya Al Ghotany. O casal de porta-bandeiras escolhido para representar a Equipe Olímpica de Refugiados. E serão os segundos – depois da Grécia – a descer o rio Sena na cerimônia de abertura.
Ngamba é camaronesa e vive e treina na Inglaterra desde os 11 anos, quando se mudou com a família em busca de uma vida melhor e de escapar dos conflitos separatistas no país. A boxeadora é uma das duas únicas que conquistou a classificação sem convite do COI. Enquanto Al-Ghotany deixou a Síria quando a guerra tomou conta do país e foi num campo de refugiados na Jordânia, onde começou a praticar taekwondo.
Foto: International Olympic Committee (IOC)
Cindy Ngamba é favorita à medalha
Ngamba é uma das favoritas para ganhar uma medalha para a equipe, competindo na categoria peso médio feminino de 75 kg, E poderá atingir o feito de tornar-se a primeira atleta refugiada a ganhar uma medalha olímpica.
Em entrevista ao Olympics.com, Ngamba comentou sobre a representatividade deste momento: “Se você olhar para a nossa bandeira, as cores do anel mostram como estamos conectados. Somos um time inteiro, mas cada cor de anel é diferente. Somos todos de origens diferentes, histórias diferentes, línguas diferentes, esportes diferentes, mas isso nos une a todos.”. E continuou: “Espero que cada onda da bandeira toque cada refugiado ao redor do mundo, mostrando que estamos de pé, de cabeça erguida e felizes. Temos orgulho de nos chamar refugiados e fazer parte de uma equipe porque somos únicos. Se você não sabia sobre nós, agora sabe.”
A boxeadora concluiu “Eu só quero dizer a cada refugiado lá fora, seja ele um atleta ou não, para nunca desistir. Vocês terão dias altos e baixos, assim como qualquer humano, mas haverá uma luz no fim do túnel.”
Yahya Al Ghotany tornou-se faixa preta com cinco anos de prática
“Ser o porta-bandeira de todos os refugiados ao redor do mundo, é uma sensação incrível. Agora tenho mais motivação para fazer ainda melhor, porque quando eu estiver competindo, as pessoas dirão ‘ele era um porta-bandeira”, comentou o atleta durante conversa com o Olympics.com.
Al Ghotany também pode ser considerado um atleta único, ele alcançou a faixa preta 2º dan apenas cinco anos após começar a praticar taekwondo, um feito que pode levar sete anos para ser alcançado.
O atleta comentou também sobre o sonho de estar em uma Olimpíada “Eu realmente penso nas memórias de tudo que passei e o que realmente me trouxe até aqui.” E planeja sobre o seu desenvolvimento e sonhos futuros:
“Quero reproduzir outro Yahya, um novo. Estou realmente ansioso para aprender muito com essa experiência e, com a minha idade, ainda tenho muitos anos pela frente. Quem é o novo Yahya? Ele é o Yahya que realiza minhas paixões e todos os sonhos e oportunidades com os quais o jovem Yahya sempre sonhou.”
Al Ghotany também celebrará o seu 20º aniversário em Paris, um dia após a sua estreia olímpica no evento masculino de -68 kg no dia 8 de agosto.
Conheça os atletas da EOR Paris 2024:
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