Três brasileiras podem se tornar tricampeãs olímpicas em Paris 2024
A conquista do tricampeonato nos Jogos Olímpicos é inédita para o Brasil e apenas mulheres podem realizar o feito nesta edição.
Por: Beatris Ferracioli
Pela primeira vez na história, a delegação olímpica brasileira é composta em sua maioria por mulheres, 153 dos 276 atletas, isto é 55% do time Brasil. Além disso, em Paris, apenas três brasileiras podem conquistar a terceira medalha de ouro e deixar mais uma vez a história olímpica do país marcada com a garra das mulheres. O Brasil tem 37 medalhas de ouro em Olimpíadas, ao todo os brasileiros já conquistaram 150 medalhas.
O país tem um seleto time de bicampeões olímpicos, 15 atletas carregam essa conquista, e apenas oito são mulheres, seis do time feminino de vôlei de quadra e duas da vela brasileira.
Martine Grael e Kahena Kunze
Martine e Kahena, ambas de 33 anos, são as atuais bicampeãs olímpicas de vela na classe 49er FX. A parceria, que iniciou em 2013, já fez com que elas conquistassem o primeiro ouro da categoria feminina em Olimpíadas no Rio de Janeiro 2016 e repetiram o feito em Tóquio 2020. As duas chegam em Paris sendo uns dos principais nomes para subir novamente ao topo do pódio e conquistar a terceira medalha de ouro consecutiva.
No ano passado, as duas velejadoras estiveram presentes no evento de teste de Paris 2024 na marina de Marselha. Na ocasião, elas ficaram em segundo lugar, a primeira colocação ficou com as neerlandesas Odile van Aanholt e Annette Duetz. A dupla brasileira competirá entre os dias 28 de julho e 8 de agosto e a competição de vela nos Jogos Olímpicos ocorrerá em Marselha, no Mar Mediterrâneo.
A vela é a modalidade que mais trouxe medalhas de ouro ao país, oito no total, a categoria tem 19 medalhas em Olimpíadas. A família Grael conquistou nove medalhas para o Brasil: cinco de Torben, duas de Lars e duas de Martine, inclusive, com o sonho do terceiro ouro olímpico, Martine pode ultrapassar o número de medalhas de ouro de seu pai, Torben Grael, que tem duas medalhas douradas. Mas não é apenas Martine que tem a vela em seu legado, Kahena é filha de Claudio Kunze, campeão mundial juvenil nos anos de 1980.
Thaisa Daher
Thaisa, de 37 anos, faz parte da geração bicampeã do vôlei feminino. A jogadora conquistou o primeiro ouro olímpico da seleção em Pequim 2008 e a segunda medalha dourada veio em Londres 2012, sendo assim, uma das seis primeiras atletas a ser bicampeã olímpica pelo Brasil.
“Ela sempre teve uma leitura do jogo fora de série, em todos os fundamentos. Tecnicamente é uma das melhores jogadoras que eu já conheci”, ressalta o treinador da seleção, José Roberto Guimarães, sobre as habilidades técnicas da central do time brasileiro para a série especial olímpica do Jornal Nacional.
A parceria entre a jogadora e o técnico ‘Zé’ Roberto ocorre desde 2007, quando Thaisa vestiu pela primeira vez a camisa da seleção. O técnico foi um dos grandes incentivadores da central para retornar às quadras, após uma grave lesão que sofreu depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, que quase a fez desistir do esporte. A recuperação total da atleta demorou cerca de um ano e meio e com isso ela ficou fora da última edição olímpica em Tóquio.
Thaisa e a equipe brasileira se destacaram na preparação para a Olimpíada. A seleção ficou invicta na primeira fase da Liga das Nações, ganhou os 12 jogos, porém perdeu a invencibilidade para o Japão. A seleção ficou em quarto lugar na competição após perder a disputa com a Polônia.
O vôlei feminino já conquistou cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, uma de prata e duas de bronze. A modalidade tem 11 medalhas no total, com a seleção masculina e feminina. Caso o Brasil conquiste mais uma medalha de ouro, além de Thaisa se tornar tricampeã olímpica, José Roberto Guimarães será tetracampeão olímpico como treinador. O técnico conquistou com o time masculino o ouro em Barcelona 1992 e comandou a geração feminina bicampeã olímpica.
O Brasil inicia a sua jornada olímpica no dia 29 de julho contra o Quênia, às 8 horas, horário de Brasília. A seleção está no grupo B, que além do Quênia, tem Japão e Polônia.
Vale ressaltar que em Jogos Olímpicos, a comissão técnica de vôlei não é premiada pelo Comitê Olímpico com medalhas, sendo assim o treinador não entra para o ranking olímpico.
Confira os 15 atletas bicampeões olímpicos:
- Adhemar Ferreira da Silva, do atletismo, ouro em Helsinque 1952 e Melbourne 1956;
- Robert Scheidt, da vela, ouro em Atlanta 1996 e Atenas 2004;
- Torben Grael, da vela, ouro em Atlanta 1996 e Atenas 2004;
- Fabiana Alvim, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
- Thaísa Daher, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
- Paula Pequeno, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
- Jaqueline Carvalho, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
- Fabiana Claudino, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
- Sheilla Castro, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
- Maurício Lima, do vôlei, ouro em Barcelona 1992 e Atenas 2004;
- Marcelo Ferreira, da vela, ouro em Atlanta 1996 e Atenas 2004;
- Serginho, do vôlei, ouro em Atenas 2004 e Rio de Janeiro 2016;
- Giovane Gávio, do vôlei, ouro em Barcelona 1992 e Atenas 2004;
- Kahena Kunze, da vela, ouro em Rio 2016 e Tóquio 2020;
- Martine Grael, da vela, ouro em Rio 2016 e Tóquio 2020.