Por: Beatris Ferracioli

Pela primeira vez na história, a delegação olímpica brasileira é composta em sua maioria por mulheres, 153 dos 276 atletas, isto é 55% do time Brasil. Além disso, em Paris, apenas três brasileiras podem conquistar a terceira medalha de ouro e deixar mais uma vez a história olímpica do país marcada com a garra das mulheres. O Brasil tem 37 medalhas de ouro em Olimpíadas, ao todo os brasileiros já conquistaram 150 medalhas. 

O país tem um seleto time de bicampeões olímpicos, 15 atletas carregam essa conquista, e apenas oito são mulheres, seis do time feminino de vôlei de quadra e duas da vela brasileira. 

Martine Grael e Kahena Kunze 

Martine e Kahena, ambas de 33 anos, são as atuais bicampeãs olímpicas de vela na classe 49er FX. A parceria, que iniciou em 2013, já fez com que elas conquistassem o primeiro ouro da categoria feminina em Olimpíadas no Rio de Janeiro 2016 e repetiram o feito em Tóquio 2020. As duas chegam em Paris sendo uns dos principais nomes para subir novamente ao topo do pódio e conquistar a terceira medalha de ouro consecutiva. 

Foto: Gregorio Borgia/AP

No ano passado, as duas velejadoras estiveram presentes no evento de teste de Paris 2024 na marina de Marselha. Na ocasião, elas ficaram em segundo lugar, a primeira colocação ficou com as neerlandesas Odile van Aanholt e Annette Duetz. A dupla brasileira competirá entre os dias 28 de julho e 8 de agosto e a competição de vela nos Jogos Olímpicos ocorrerá em Marselha, no Mar Mediterrâneo. 

A vela é a modalidade que mais trouxe medalhas de ouro ao país, oito no total, a categoria tem 19 medalhas em Olimpíadas. A família Grael conquistou nove medalhas para o Brasil: cinco de Torben, duas de Lars e duas de Martine, inclusive, com o sonho do terceiro ouro olímpico, Martine pode ultrapassar o número de medalhas de ouro de seu pai, Torben Grael, que tem duas medalhas douradas. Mas não é apenas Martine que tem a vela em seu legado, Kahena é filha de Claudio Kunze, campeão mundial juvenil nos anos de 1980.

Thaisa Daher

Thaisa, de 37 anos, faz parte da geração bicampeã do vôlei feminino. A jogadora conquistou o primeiro ouro olímpico da seleção em Pequim 2008 e a segunda medalha dourada veio em Londres 2012, sendo assim, uma das seis primeiras atletas a ser bicampeã olímpica pelo Brasil. 

Foto: Divulgação/FIVB

“Ela sempre teve uma leitura do jogo fora de série, em todos os fundamentos. Tecnicamente é uma das melhores jogadoras que eu já conheci”, ressalta o treinador da seleção, José Roberto Guimarães, sobre as habilidades técnicas da central do time brasileiro para a série especial olímpica do Jornal Nacional.

A parceria entre a jogadora e o técnico ‘Zé’ Roberto ocorre desde 2007, quando Thaisa vestiu pela primeira vez a camisa da seleção. O técnico foi um dos grandes incentivadores da central para retornar às quadras, após uma grave lesão que sofreu depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, que quase a fez desistir do esporte. A recuperação total da atleta demorou cerca de um ano e meio e com isso ela ficou fora da última edição olímpica em Tóquio. 

Thaisa e a equipe brasileira se destacaram na preparação para a Olimpíada. A seleção ficou invicta na primeira fase da Liga das Nações, ganhou os 12 jogos, porém perdeu a invencibilidade para o Japão. A seleção ficou em quarto lugar na competição após perder a disputa com a Polônia. 

O vôlei feminino já conquistou cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, uma de prata e duas de bronze. A modalidade tem 11 medalhas no total, com a seleção masculina e feminina. Caso o Brasil conquiste mais uma medalha de ouro, além de Thaisa se tornar tricampeã olímpica, José Roberto Guimarães será tetracampeão olímpico como treinador. O técnico conquistou com o time masculino o ouro em Barcelona 1992 e comandou a geração feminina bicampeã olímpica. 

O Brasil inicia a sua jornada olímpica no dia 29 de julho contra o Quênia, às 8 horas, horário de Brasília. A seleção está no grupo B, que além do Quênia, tem Japão e Polônia. 

Vale ressaltar que em Jogos Olímpicos, a comissão técnica de vôlei não é premiada pelo Comitê Olímpico com medalhas, sendo assim o treinador não entra para o ranking olímpico.

Confira os 15 atletas bicampeões olímpicos:

  •  Adhemar Ferreira da Silva, do atletismo, ouro em Helsinque 1952 e Melbourne 1956;
  • Robert Scheidt, da vela, ouro em Atlanta 1996 e Atenas 2004;
  • Torben Grael, da vela, ouro em Atlanta 1996 e Atenas 2004; 
  • Fabiana Alvim, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
  • Thaísa Daher, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
  • Paula Pequeno, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
  • Jaqueline Carvalho, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
  • Fabiana Claudino, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
  • Sheilla Castro, do vôlei, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012;
  • Maurício Lima, do vôlei, ouro em Barcelona 1992 e Atenas 2004;
  • Marcelo Ferreira, da vela, ouro em Atlanta 1996 e Atenas 2004;
  • Serginho, do vôlei, ouro em Atenas 2004 e Rio de Janeiro 2016;
  • Giovane Gávio, do vôlei, ouro em Barcelona 1992 e Atenas 2004;
  • Kahena Kunze, da vela, ouro em Rio 2016 e Tóquio 2020;
  • Martine Grael, da vela, ouro em Rio 2016 e Tóquio 2020.