Trajetória do surfista Gabriel Medina até as Olimpíadas
Conheça mais sobre o surfista brasileiro que chegou às Olimpíadas Paris 2024.
Por Analice Ruas e Anna Luiza Gonçalves, para Cobertura Colaborativa Paris 2024
Gabriel Medina nasceu em 22 de dezembro de 1993, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Desde cedo, cresceu próximo ao mar e o surfe aconteceu naturalmente. Medina demonstrou um talento excepcional, o qual foi influenciado por sua família, especialmente seu padrasto, que logo virou seu técnico, Charles Amaral, era um surfista amador e de cara viu o talento diferenciado que o garoto tinha. Medina começou a surfar aos 9 anos e rapidamente se destacou nas competições locais.
Com apenas 11 anos, venceu o Rip Curl Grom Search na categoria Sub-12, disputada em Búzios, Rio de Janeiro, já chamando a atenção. Foi colecionando títulos amadores e de categorias juvenis.
Em julho de 2009, Gabriel Medina fechou um contrato com a empresa australiana Rip Curl e profissionalizou-se. Vencendo a etapa do Mundial Profissional.
Ainda em 2009 ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer o mundial juvenil de surfe.
Em 2011 veio a sequência que o levou à condição de partilhar as ondas com os tops do Mundo. Foi o primeiro brasileiro a ganhar uma etapa australiana de Backside (Gold Coast Australia) e o surfista do Brasil que liderou mais tempo o ranking mundial na história. Ingressou na elite do surfe mundial (World Tour) em 2011, com apenas 17 anos. Venceu também duas etapas do ASP World Tour, nos eventos realizados na França e nos Estados Unidos. Nesse ano ganhou grande repercussão na mídia por completar uma manobra designada backflip, uma espécie de salto mortal de costas.
Já estabelecido na elite do surfe mundial, as vitórias voltaram em 2014. E voltaram em grande estilo. Sua primeira grande conquista veio quando ele venceu o prestigioso evento do Billabong Pipe Masters no Havaí, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar uma etapa do World Tour. No mesmo ano, ele se tornou campeão mundial de surfe, em uma temporada histórica que consolidou sua posição como um dos melhores surfistas do mundo.
Disputou o título da temporada e, para vencer, precisava terminar à frente de Mick Fanning.
Garantido nas quartas de final, o brasileiro viu o australiano ser eliminado na quinta fase pelo argentino naturalizado brasileiro, Alejo Muniz. Com isso, sem nem entrar na água.
Vale lembrar que, até 2014, o principal campeonato do mundo era chamado de ASP (Association of Surfing Professionals), virando WSL (World Surf League) a partir de 2015.
Após o título mundial de 2014, Medina continuou a brilhar nas competições internacionais.
Em 2017 foi vice-campeão mundial de surfe em uma batalha contra o seu grande rival John John Florence, após um início de temporada com uma lesão no joelho, Gabriel se recuperou durante a temporada.
Ele conquistou seu segundo título mundial em 2018 e se tornou um ícone do esporte, especialmente no Brasil, onde inspirou uma nova geração de surfistas. Sua habilidade em ondas grandes e sua técnica impressionante o tornaram conhecido por manobras arrojadas, como os aéreos e os tubos.
Em 2019, ele garantiu sua vaga nas Olimpíadas ao se destacar em eventos da World Surf League. Medina se preparou intensamente para a competição, ciente da importância que as Olimpíadas representavam para o surfe brasileiro e mundial.
Os jogos olímpicos de 2020 foram adiados para 2021 devido à Covid-19, apesar de todos os conflitos e dificuldades na época, Medina chegou às Olimpíadas como um dos favoritos para conquistar a medalha de ouro. Ele fez uma apresentação impressionante nas eliminatórias e avançando com uma confiança indiscutível, infelizmente, apesar de todo o seu esforço, acabou ficando em quarto lugar, o que foi por pouco que ele não entrou no pódio por perder para o surfista Kanoa Igarashi na semifinal. Na disputa pelo bronze, ele foi derrotado pelo australiano Owen Wright e ficou fora do pódio.
Apesar da decepção olímpica, Medina recuperou-se e se tornou tricampeão mundial de surfe.
Logo, no final de 2022 Medina tirou um tempo que durou 6 meses para cuidar da sua saúde mental e encontrar novamente o equilíbrio, quando retornou para o surfe e as mídias, deu uma entrevista para o Esporte Espetacular dizendo estar pronto para ir atrás de mais títulos e feliz por ter se reencontrado.
Retornando melhor e saudável, Medina passou o ano de 2023 em uma condição incrível, colecionando mais vitórias com seu talento! E honrando os seus títulos e dedicação, vem mostrando nas Olimpíadas de 2024 que derrubar um surfista brasileiro não é fácil, apesar do seu passado de derrota para o Igarashi em 2021, não deixou se repetir neste ano e brincou, ficando 10 pontos na frente do japonês, sendo a onda com a maior pontuação da história dos Jogos Olímpicos. Um feito histórico também para a história do surfe, foi uma fotografia impressionante tirada durante essa disputa das oitavas.
No dia 29 de julho de 2024, Medina, após pegar a onda, saltou da prancha, ergueu o dedo e a prancha voou paralelamente a ele enquanto o fotógrafo da Agence France-Presse, Jérôme Brouillet, registrava a fotografia.
“Às 9:30:38 da manhã, ele salta da onda com uma celebração que se espalhou imediatamente pelo mundo. Dez minutos depois, o meu telefone celular começa a apitar. Ainda não parou…
Nesse dia, Gabriel estava na água no lugar certo, na hora certa, e eu também. Parabéns @gabrielmedina” Disse Brouillet, em postagem no Instagram.
Rumo às finais…
No dia 05 de agosto de 2024, Medina disputou a semifinal nas águas do Taiti, mas infelizmente o mar não cooperou e a ausência de ondas o prejudicou, não tendo oportunidades e sendo eliminado pelo australiano, Jack Robinson. Pela 1ª vez desde o amador que aconteceu isso com Gabriel, pegando apenas uma onda em toda a bateria.
Mas ele é brasileiro, e não desiste nunca!
Ainda nesta segunda-feira, dia 05 de agosto, Gabriel Medina disputou o Bronze contra o peruano, Alonso Correa, com chances maiores e usando todo o seu talento único, aproveitou a oportunidade no mar com mais ondas e conquistou pela 1ª vez, a medalha olímpica dos jogos olímpicos de Paris 2024!
Você foi gigante, Medina! Parabéns!