Trabalhadores sem teto dispensam empreiteiras e constróem casas com as próprias mãos em Brasília
Com as políticas de moradia paralisadas e a falta de habitação crescendo o MTST resolveu botar a mão no barro..
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto está desenvolvendo uma nova alternativa para a realização do sonho da casa própria. Após a conquista de um terreno para a construção de moradias em Brasília, resolveram experimentar uma nova forma de construir habitações: ao invés de contratar grandes empresas, optaram por uma técnica sustentável e comunitária para erguer as casas: um mutirão de bioconstrução.
A mobilização começou no fim do ano passado e já envolveu mais de 200 voluntários de vários estados do país. Em parceria com a Unipermacultura, que está colaborando com a técnica de construção e certificando os participantes no processo, o movimento escolheu como primeira moradora uma ativista de 54 anos, que já está com sua casa sendo erguida a partir de muitas mãos. O novo lar de Tia Alzerita está localizado na Comunidade do Sol Nascente na Ceilândia (DF), um dos maiores bairros de baixa renda da América Latina.
A lama, o bambu, a grama e muitos outros materiais orgânicos amassados neste processo de construção colaborativa buscam novas respostas à paralisia da política de habitação e são saídas para quem quer se refugiar da crise imobiliária, das humilhações diárias, do risco de enchente ou do custo impagável dos alugueis, com um déficit de moradia que só cresce em Brasília.
MUTIRÃO
O mutirão começou em dezembro de 2017, aproximou centenas de pessoas que participaram presencialmente e também que colaboraram através do financiamento colaborativo. Ao todo, 109 lotes foram conquistados pelo movimento e atenderão as famílias que participaram da ocupação Por do Sol que foi realizada no ano passado.
A conquista do terreno pelo MTSTS é fruto de um processo de resistência que já dura mais de 8 anos na região e já realizou ocupações, fechamento de vias, bloqueios na pista e muita pressão institucional com o objetivo de fazer valer o direito à moradia.
A experiência da Tia Alzerita está sendo um importante laboratório que poderá ser replicado também em outros estados onde o movimento atua. Segundo Neimar Marcos da Silva, coordenador da Unipermacultura, esta é somente a primeira casa a ser realizada com a técnica. A etapa atual da construção é a produção das tintas e piso ecológico. “A gente aprende a fazer fazendo, e é por isso que também estamos certificando os participantes como estagiários em bioconstrução, quem quiser vir participar é só chegar, estão todos convidados.”
Faça parte deste grupo, junte-se ao mutirão de bioconstrução do MTST!
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