Por Rafaela Gazi | Copa FemiNINJA

Foto: Reprodução TorceJuntoDelas

Enquanto percorrem sozinhas o trajeto para o estádio do seu time, mulheres enfrentam a preocupação com o assédio no caminho. Mulheres se preocupam com a roupa que irão vestir para ir ao estádio, para que isto não dê margem para que homens se sintam no direito de “avançar o sinal”. Ser mulher e frequentar um estádio de futebol ainda é um eterno “E aí, tu sabe o que é impedimento?”

Os questionamentos acima exemplificam as diversas situações de assédio ou subjugação que as mulheres torcedoras precisam enfrentar todos os dias nas arquibancadas. E para tentar mudar esse cenário um grupo de 20 mulheres, de diversos times e estados, criaram a campanha #TorceJuntoDelas.

Apesar de o número de mulheres no estádio ter crescido nas últimas duas décadas, as ocorrências por injúria, assédio ou difamação são quase nulas. Não por falta de episódios ou da vontade delas. Nos registros do Juizado do Torcedor, apenas uma mulher levou adiante o ataque sofrido no estádio nos últimos dois anos e aconteceu no Beira-Rio, em Porto Alegre, quando dois homens assediaram uma torcedora. Identificados, ambos cumpriram medida cautelar, em que foram impedidos de comparecer a jogos por 90 dias. O Ministério Público ofereceu a denúncia, e um deles já responde pelo crime. A descoberta da identidade do torcedor passou pelas 284 câmeras de monitoramento que o Beira-Rio tem.

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As criadoras da ação participam do grupo no Facebook ‘Gurias do Grêmio’, criado em 2016 por torcedoras que se sentiam desconfortáveis em participar de debates dentro de grupos maiores, formados majoritariamente por homens. O medo, a propósito, é o que acompanha as mulheres no caminho e dentro do estádio. Se você, homem, não sabe, elas já saem de casa pensando em como evitar o seu assédio. A começar pela roupa que vestem. Esconder as curvas do corpo e vestir o que mais discreto tem no guarda-roupas virou parte do ritual dos jogos para diversas mulheres que frequentam o estádio.

O #TorceJuntoDelas possui uma linguagem não violenta e um viés pedagógico. O propósito é dialogar mesmo com os homens. Atitudes mínimas de respeito às mulheres e de enfrentamento a ações machistas que já podem contribuir para mudanças significativas no cenário vivenciado por torcedoras.

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