Torcedores do Flamengo exibem faixa contra torturadores da ditadura, são afastados dos estádios e obrigados a usar tornozeleiras eletrônicas
A faixa foi exibida no Maracanã no dia 1º de abril, durante o primeiro jogo entre Flamengo e Fluminense
A faixa foi exibida no Maracanã no dia 1º de abril, durante o primeiro jogo entre Flamengo e Fluminense
Dois torcedores do Flamengo foram afastados dos estádios e obrigados a usar tornozeleiras eletrônicas até o dia 31 de dezembro após uma confusão relacionada a uma faixa que continha os dizeres “morte aos torturadores de 64”. A faixa foi exibida no Maracanã no dia 1º de abril, durante o primeiro jogo entre Flamengo e Fluminense pela final do Campeonato Carioca.
Como a data do jogo coincidiu com o aniversário de 59 anos do golpe militar no Brasil, torcedores do Flamengo denunciaram a faixa, alegando que ela poderia ser interpretada como uma incitação à violência, especialmente em um contexto de punições recentes às torcidas organizadas por parte da polícia e do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Durante a partida, houve uma discussão na arquibancada e, pouco depois, policiais chegaram ao local. Os torcedores envolvidos na exibição da faixa, F. e M., pediram para não serem identificados. Durante a confusão, os policiais levaram F. e o acusaram de infringir o Artigo 41-B do Estatuto do Torcedor, que proíbe a promoção de tumultos, a prática ou incitação à violência ou a invasão de locais restritos aos competidores em eventos esportivos. M., que também estava na arquibancada, se apresentou como advogado de F., mas também acabou sendo acusado e virando réu.
Depois de uma audiência, foram propostas aos torcedores medidas para um acordo, incluindo o banimento da presença em jogos do Flamengo até 31 de dezembro de 2023, o uso de tornozeleira eletrônica até a mesma data e uma multa de R$ 300 reais, que aparentemente não foi paga.
O caso ganhou repercussão após uma publicação do coletivo Flamengo Antifascista, que afirmou que diversos torcedores aderiram à manifestação de forma voluntária. O coletivo declarou que as recentes ações dos órgãos públicos fizeram com que a arquibancada se tornasse um ambiente mais hostil, por conta do temor de severas punições.