Preso desde sábado (24), o empresário de Xinguá, no interior do Pará, George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, declarou em depoimento para a Polícia Civil do Distrito Federal que foi influenciado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) a se armar e ir a Brasília promover atos terroristas na capital.

O extremista foi encontrado em apartamento alugado no setor Sudoeste, localizado no plano piloto, com um verdadeiro arsenal. Gerente de um posto de gasolina no interior do Pará, Washington tem uma licença de CAC (caçador, atirador esportivo e colecionador) emitida em outubro de 2021. De acordo com seu depoimento, desde então gastou mais de R$ 160 mil em pistolas, fuzis, carabinas e munições.

“O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil dizendo que um povo armado jamais será escravizado”, declarou o empresário bolsonarista.

Ele está sendo investigado por ter colocado artefatos explosivos em um caminhão-tanque nos arredores do aeroporto da capital federal, Juscelino Kubitschek. Felizmente a bomba foi descoberta e desativada, sem causar danos. O delegado-geral Robson Cândido chegou a declarar que “seria uma tragédia jamais vista em Brasília” caso o artefato explodisse.

Apoiador radical do ainda presidente Bolsonaro, o homem viajou do Pará para participar de atos golpistas no acampamento bolsonarista no quartel general de Brasília. A equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já chegou a pedir a prisão de ao menos 20 bolsonaristas acampados no QG em Brasília após os ataques terroristas em Brasília por extremistas no último dia 12, que incendiarem carros e ônibus na região central de Brasília, além de ataques contra a sede da Polícia Federal, conforme informações do jornal Folha de S. Paulo.

O silêncio de Bolsonaro até o momento já é apontado como complacente com o criminoso. A seis dias para a posse de Lula, ninguém foi preso até agora pelos ataques em Brasília no último dia 12.

Plano terrorista

Em depoimento para a Polícia Civil, o empresário paraense contou como conseguiu o material para fabricar o artefato. “Eu disse aos manifestantes que tinha a dinamite, mas precisava da espoleta e do detonador para fabricar a bomba”, relatou. Em seguida, disse que na sexta (23), por volta das 11h30, um manifestante desconhecido que estava acampado no QG entregou a ele um controle remoto e quatro acionadores, possibilitando a fabricação artesanal do explosivo de forma que pudesse ser acionado a uma distância entre 50 e 60 metros.

Sousa disse que entregou a bomba a uma pessoa chamada Alan, orientando que fosse instalada em um poste para a interrupção do fornecimento de eletricidade. De acordo com seu depoimento, o terrorista que fabricou a bomba não teria concordado com a ideia de explodi-la no estacionamento do aeroporto.

O próprio motorista do caminhão foi quem encontrou o artefato que, segundo a polícia, só não explodiu por uma falha técnica na operação do detonador. O trabalhador então acionou a Polícia Militar, que mobilizou o esquadrão antibombas para desativar a bomba. O corpo de bombeiros também contribuiu com a ação.

O terrorista disse ainda que conversou com PMs na data dos primeiros ataques terroristas à capital federal, em 12 de outubro, e que avaliou que os agentes da segurança pública estavam ao lado do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele acreditava que em breve seria decretada uma “intervenção” das Forças Armadas. “Porém, ultrapassado quase um mês, nada aconteceu e então eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das forças armadas e a decretação de estado de sítio para impedir a instauração do comunismo no Brasil”, disse o gerente de posto de gasolina.

A ideia original, entretanto, era um pouco diferente. “Uma mulher desconhecida sugeriu aos manifestantes do QG que fosse instalada uma bomba na subestação de energia em Taguatinga para provocar a falta de eletricidade e dar início ao caos que levaria à decretação do estado de sítio”, disse George Washington no depoimento.

O terrorista bolsonarista teve a prisão decretada e foi transferido ao Complexo Penitenciário da Papuda ainda na noite deste domingo (25/12). O bolsonarista ficará detido no Centro de Detenção Provisória 2 (CDP 2), onde ficam os custodiados recém-chegados da Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP).

Com informações da Folha de S. Paulo.

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