A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã de terça-feira (27), uma operação de combate ao garimpo ilegal em Manaus (Amazonas), Porto Velho (Rondônia) e Ponta Grossa (Paraná), onde mora um dos alvos, o tenente-coronel do exército Abimael Alves Pinto. Em parceria com o Exército, a operação teve como finalidade parar uma quadrilha suspeita de garimpo ilegal de ouro, organização criminosa, lavagem de dinheiro e crime ambiental por uso de mercúrio.

O Globo divulgou que, no inquérito que investigou o caso, a polícia confirmou a exploração ilegal de garimpo, liderada por um homem identificado como “gringo”, que utilizava a esposa para facilitar transações ilegais com outro suspeito, comprador do ouro. Ao mesmo tempo, a investigação identificou a participação de militares de alta patente que recebiam valores regulares do comprador de ouro, por meio de uma empresa de importação e exportação de minérios.

Um militar supostamente repassaria informações privilegiadas e interferiria nas operações de combate aos garimpos ilegais

“Verificou-se envolvimento de militares de alta patente, que recebiam valores regulares através da empresa de importação e exportação de minérios. Um militar supostamente repassaria informações privilegiadas e interferiria nas operações de combate aos garimpos ilegais”, diz a nota da PF.

Os principais beneficiados do suposto esquema seriam a dupla Pedrinho Marcondes e Aldaildo Fongher, que são apontados pela PF como donos de dragas de garimpo e compradores do minério extraído ilegalmente da região do Japurá, no estado do Amazonas.

No início de 2020, a PF rastreou mensagens em que um primo do militar identificado como Márcio oferece os “serviços” do coronel pelo valor de R$20 mil por mês. “Vamos livrar ele (os donos do garimpo) todo santo dia de ser pego. No mínimo uns 20 mil? Isso para ser muito baixo. Mas vc quem faz o trato aí. Vamos livrar ele todo santo dia de ser pego”, diz Márcio, em uma das mensagens rastreadas.

“Esses dois anos serão de muitas operações, muitas mesmo, se ele não tiver informações privilegiadas, ele perde todo o negócio dele”.

Do outro lado da linha, o garimpeiro Pedrinho Marcondes responde: “Pode deixar certo com ele então todo dia 20 (…)Todo dia 20 vai estar na conta, tá bom?”

A PF afirma que, a partir daí, o tenente-coronel passou a dar “informações privilegiadas” de operações ambientais e “interferiu” para “atrasar o deslocamento da equipe de fiscalização, alterar a rota dos locais que seriam fiscalizados e até mesmo cancelar fiscalizações em locais específicos, a fim de, em tese, favorecer a atividade criminosa”.

A PF informou também que não sabe ainda por quanto tempo o tenente-coronel recebeu propina pelas informações. De acordo com a corporação, ele começou recebendo cerca de R$ 20 mil por mês, mas há registros de comprovantes de até R$ 100 mil.

Ainda de acordo com matéria feita pelo O Globo, a defesa do militar afirmou que ele não tem participação nos fatos investigados e que o nome dele foi “envolvido injustamente” no inquérito.

Via O Globo