Telegram não entrega dados de grupos neonazistas e Justiça suspende plataforma no Brasil
Telegram se recusou a fornecer números de telefone dos participantes de um grupo com conteúdo nazista
A Justiça brasileira ordenou a suspensão do Telegram no país, dirigindo-se às operadoras de telefonia móvel Vivo, Claro, Tim e Oi, bem como às empresas Google e Apple, que disponibilizam o aplicativo em suas lojas de aplicativos. A decisão foi tomada porque a empresa do aplicativo de mensagens não entregou à Polícia Federal todos os dados relacionados aos grupos neonazistas que estão sob investigação.
“A Polícia Federal pediu e o Poder Judiciário deferiu que o Telegram seja multado em R$ 1 milhão por dia e haja suspensão temporária das atividades, exatamente porque há agrupamentos lá denominados frentes e movimentos antissemitas atuando nessas redes e sabemos que isso está na base da violência contra as nossa crianças e adolescentes”, afirmou o ministro da Justiça e e Segurança Pública, Flávio Dino.
Usuários começaram a relatar na noite de quarta-feira (26) que o aplicativo não conseguia concluir o envio de mensagens, após a ordem ter sido executada. O site Downdector registrou um aumento nas notificações por volta das 21h.
Quando foi emitida a ordem?
A Polícia Federal solicitou ao Telegram informações sobre membros de grupos, incluindo neonazistas, que estariam incitando atos violentos em escolas. A ordem foi emitida na quarta-feira (19) pela Justiça Federal do Espírito Santo.
O Telegram entregou parcialmente as informações solicitadas na sexta-feira (21), mas se recusou a fornecer números de telefone dos participantes de um grupo com conteúdo nazista.
O aplicativo, que é especialmente preparado para garantir a privacidade, respondeu que não poderia fornecer todos os dados solicitados, pois os mesmos teriam sido deletados pelos usuários. Tecnicamente, a resposta é factível, pois o aplicativo tem diversas funcionalidades que garantem o controle do usuário por seus dados, inclusive deleta-los de forma definitiva.
Para onde vão os dados?
As informações serão utilizadas na investigação do ataque a uma escola em Aracruz, que ocorreu em novembro de 2022 e resultou na morte de quatro pessoas. A Polícia Federal quer apurar as conexões do assassino de 16 anos com grupos no aplicativo.