Sou Minas Gerais: Ana Paula Torquato, primeira negra na Academia Juiz Forana de Letras
Nesta entrevista exclusiva, mergulhamos no mundo literário de Ana Paula Torquato, uma figura proeminente da Academia Juiz Forana de Letras.
Nesta entrevista exclusiva, mergulhamos no mundo literário de Ana Paula Torquato, uma figura proeminente da Academia Juiz Forana de Letras.
Ana Paula Torquato teve seu primeiro livro publicado em 2015 e o terceiro mais recente em novembro de 2022 e ainda possui participação em mais de 20 coletâneas. Em 2023 recebeu a Medalha Pedro Nava – 2023 Categoria Produção Literária e em setembro do mesmo ano, tomou posse na Academia Juiz Forana de Letras (cadeira nº 08).
O livro mais recente de contos “Essência – menina- mulher- preta” conquistou o Prêmio Pretas Potência na categoria Literatura (2023) e também o terceiro lugar na categoria melhor livro nacional, no prêmio Ecos de Literatura 2022.
– Apresentação: quem é e o que faz?
Atualmente neta, filha e sobrinha, do final dos anos 80, bem mais próxima dos anos 90, rs. Mineira, de Juiz de Fora, administradora, com especialização em gestão de pessoas, com segunda graduação de licenciatura em filosofia. Atuo como analista de capacitação, palestrante onde abordo temas diversos, dentre eles: sonhos, negritude, memórias e narrativas.
Sempre curiosa e conectada com as artes, sempre aprendendo, descobrindo e despertando para algo dentro das infinitas possibilidades do aprendizado: na infância desenhava como ninguém, na adolescência me encontrei com as linhas do algodão, através do crochê, mas foi na fase adulta que me desenvolvi com as linhas no papel, brincando com as palavras, me vi poeta e foi a partir daquele momento que várias páginas escritas me levaram a publicação de dois livros de poesias.
– Você acredita que seu território influenciou no trabalho que desempenha hoje? Por que?
Difícil é nascer mineira e não se sentir influenciado, você é conduzido mesmo que “inconscientemente” a conviver com as “pedras no caminho” de Drumond e ainda observar as mudanças nas cores como trouxe Carolina de Jesus, ‘Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.’ Mas o que me levou a entrar na literatura foi a necessidade de externar tudo o que eu via e nada podia fazer, até que aprendi a escrever (e sigo aprendendo). A escrita me permite gritar pelas injustiças, me permite enaltecer as vidas e as paisagens, me permite inspirar e encorajar.
Hoje, eu sou altamente inspirada, através dos encontros que participo, nas palestras, nas escolas em que me apresento e nas pessoas que cruzam meu caminho.
– Qual trabalho/criação você hoje tem mais orgulho de ter realizado?
Todos os trabalhos me fizeram ser o que sou hoje, todos possuem sua importância na minha caminhada, falar que um livro foi mais importante que o outro ou dizer quem um trabalho foi mais importante que outro, seria desmerecer a trajetória. Todos os passos me levaram a estar nesse ponto da estrada. Sou muito grata e feliz, por cada leitor, por cada convite, por cada participação e por cada porta aberta pra mim.
– Três palavras que te descrevam:
Sonhadora; determinada; corajosa
– Uma cidade/lugar especial de Minas para você?
Pedra Bonita Café, que trás no espaço acolhedor, o nome de uma cidade mineira. Lembra a casa de vó e transmite no ambiente, através dos versos descritos nas paredes, nas almofadas em fuxico, a mineiridade que me inspirou vários versos e que me fez encantar e sempre visitar uma cafeteria em qualquer cidade que visito. E não poderia faltar um cafezinho com pão de queijo. É o local que me acolheu pra publicar meu primeiro livro…
– Uma pessoa de Minas Gerais que te inspira
Silvânia Andrade, a grande Sil Andrade é uma figura pública que com sua voz preenche espaços e abraça o público. A artista da bossa, da poesia e do violão que conquista a população de Juiz de Fora, conquistou prêmios, obteve diversos reconhecimentos, uma mulher simples que contempla a paz e com gratidão enfrenta as adversidades da vida. Sil criou um palco afetivo com o “Recuo da Bossa”, em Juiz de Fora, o qual foi contemplada na 17ª edição do Prêmio Amigo do Patrimônio que premiou 12 iniciativas de pessoas físicas e jurídicas voltadas para a defesa, a conservação e a divulgação do Patrimônio Cultural de Juiz de Fora.