Por Nathália Shizuka

No coração do Complexo do Cantagalo, o jovem João Vítor Nascimento, apaixonado por arte, tomou uma decisão transformadora: fundar um grupo de teatro dentro da própria comunidade. Seu objetivo era claro: amplificar, multiplicar e potencializar as vozes periféricas, pretas e faveladas por meio da arte.

O teatro desempenha um papel crucial na promoção do acesso à arte dentro das favelas. Segundo o IBGE, cerca de 13 milhões de brasileiros vivem em favelas, onde o acesso a atividades culturais e educacionais é frequentemente limitado. Iniciativas teatrais em comunidades periféricas não só oferecem uma plataforma para a expressão artística, mas também funcionam como ferramentas poderosas de educação e transformação social.

Grupo Vozes na peça “Ecos Intrusivos”. Foto: Bruno Guedes.

O Complexo do Cantagalo, também conhecido como Pavão-Pavãozinho-Cantagalo, é uma comunidade localizada entre Copacabana e Ipanema, no Rio de Janeiro, com uma população de aproximadamente 14 mil habitantes.

Agora, o PPG também é lar do Grupo de Teatro Vozes, formado por artistas pretos e periféricos moradores de favela. Desde sua criação, o grupo tem se dedicado a trazer ao palco, de forma inovadora, histórias, experiências e perspectivas que muitas vezes são silenciadas ou marginalizadas. Há cinco anos, João Vítor Nascimento, cria da favela do Vidigal, idealizou o projeto. O artista descobriu seu amor pelo teatro aos seis anos de idade e desde então participou ativamente do grupo de teatro Nós do Morro, onde hoje atua como educador. Com toda sua vivência artística, João Vítor decidiu compartilhar seu conhecimento no Complexo do Cantagalo.

Peça “Ecos Intrusivos”

A próxima empreitada do grupo é a peça “Ecos Intrusivos”, que explora os limites da mente humana. A trama envolve um grupo de pessoas presas em um espaço claustrofóbico, assombradas por vozes e ecos perturbadores que desafiam suas percepções de realidade. João Vítor Nascimento descreve o espetáculo como “é um espetáculo que não vem pra explicar, ele vem pra questionar”. A estreia está marcada para o dia 20 de julho no Rio de Janeiro, com apresentações subsequentes nos dias 21, 26, 27 e 28 de julho. A direção é de João Vítor Nascimento, enquanto a direção corporal é de Rosana Barros, parceira de João na organização do projeto. É mais um passo na trajetória do Grupo Vozes em levar a arte e as histórias das favelas ao público.

João Vítor Nascimento ressalta: “Para nós, ocupar teatros na cidade do Rio de Janeiro representa mais do que uma oportunidade artística. É uma afirmação de que nossos corpos, nossas histórias e nossas vozes têm lugar nos palcos dessa cidade. É uma vitória para todos os artistas pretos e periféricos que muitas vezes são marginalizados no cenário cultural.”

Peça ‘Ecos Intrusivos’ é uma experiência imersiva para o público. Foto: Bruno Guedes

Para quem busca uma experiência única, as apresentações de “Ecos Intrusivos” estão agendadas nas seguintes datas: 20, 21, 26 e 27 e 28 de julho, no Teatro Ruth de Sousa, Parque Glória Maria. Os ingressos estão disponíveis aqui. A peça tem início pontualmente às 19h. Não perca a oportunidade de viver essa jornada pelos labirintos da mente humana.

Agenda

Datas e Horários:

– 20/07 às 19h

– 21/07 às 19h

– 26/07 às 19h

– 27/07 às 19h

– 28/07 às 19h

Local: Teatro Ruth de Souza, Parque Gloria Maria, Santa Teresa