Tássia Reis: muito além do rap
Autêntica, corajosa e, principalmente, sem tempo para a estupidez.
Com uma carreira em ascensão, uma das principais vozes femininas do rap brasileiro, Tássia Reis (@tassiareis_), vem acumulando hits que expressam as dores e delícias da existência, sem clichê, com bom humor e muito pouca simpatia pelo status quo.
Sem se importar em desafiar o status quo ou em se deixar estigmatizar, Tássia Reis vem, desde sempre, em um movimento crescente, absorvendo o mundo ao seu bel prazer, rejeitando papéis convencionais e padrões estéticos para seguir o seu caminho como bem entender e, principalmente, sem cair em clichês.
Engajada por espontaneidade e não por obrigação, a artista tem se posicionado de forma ativa sobre racismo, desigualdade social e gordofobia, mas também sobre relacionamento, sexo e amor. Assim, não é falso dizer que a artista traz para seu trabalho a vida como ela é, em toda a sua completude de temas.
O mesmo se aplica na esfera musical. Trazendo uma grande herança da cultura afro-brasileira, particularmente o samba e o pagode, somada a uma forte influência de artistas que representam, em diferentes vertentes musicais, a cultura black em toda a sua magnitude, indo de Erykah Badu a Beyoncé e Rihanna, passando por ícones nacionais brasileiros como Djavan e Alcione, a artista, reconhecidamente uma das vozes mais proeminentes do Brasil, nunca se satisfez com lugares marcados, o que permitiu que ela se mantivesse aberta para explorar outros caminhos.
Experimentando todas as opções disponíveis no cardápio, Tássia faz seu próprio buffett musical com o que tem em mente, em mãos, por isso a matéria prima não lhe falta. Assim, há 10 anos ela lançava a faixa Meu RapJazz (2013), que definitivamente a colocou diante de holofotes. Mais uma vez impecável, a narrativa é limpa e ácida como manda um bom rap e a melodia, claro, traz a sofisticação do jazz. Enquanto o piano toca, suave, mantendo a proposta elegante da faixa, a voz, também suave e absolutamente sensual, manda a real: “Não tenho tempo a perder, quero vencer por mim E lutar por você Se depender de mim, vou merecer O respeito que aprendi que devo lutar pra ter Isso me fez fortalecer, Se não fosse sagaz, tava em outro rolê”. Simples assim, o recado está dado.
Seguindo sua jornada, “Próspera”, seu terceiro álbum, lançado em 2019, que foi aclamado pela crítica especializada e considerado um dos melhores discos do ano pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), ilustra bem a capacidade da artista flertar com outros ritmos e expor, com um certo deboche e, a sua existência, ou melhor, a de todos nós. Em Dollar Euro, por exemplo, Tássia não perde a oportunidade de ironizar a sua própria ascensão econômica e, ainda, escancarar o racismo.
Com Próspera, Tássia realiza sua primeira turnê internacional, pela Europa, tocando em grandes festivais como Roskilde Festival, na Dinamarca, Les Escales, na França, Walthamstow Garden Party, em Londres, Sfinks Festival, na Bélgica.
Em 2021, Tássia lançou seu terceiro álbum Próspera D+, seguido em 2022, pelo emblemático single, Rude, num momento em que o Brasil estava sob uma política conservadora e extremista. A expressão de Rude era ainda mais urgente e necessário. Em 2023, Tássia faz sua segunda turnê internacional pela Europa, tocando em importantes festivais como Copenhagen Jazz Festival, na Dinamarca e Paléo Festival Nyon, na Suíça. Neste ano, Tássia circula o Brasil com o show em homenagem aos 50 anos de Alcione e neste embalo, lança seu primeiro samba, Ofício de Cantante.
Em 2024, Tássia começa o ano comemorando seus 10 anos de carreira e lançando, em março o EP Bem Longe do Fim. O EP conta uma história de amadurecimento e de experimentações sonoras, recria e revive três importantes canções, Meu Rap Jazz virou Bem Longe do Fim. No Seu Radinho virou Mais que Refrão. E Good Trip virou Vida de Atriz. Uma mistura do passado com o presente, também mostrando o que ela se tornou nos últimos anos, de uma dançarina, para uma compositora, cantora, comunicadora, atriz.
A faixa “Mais que Refrão”, tem participação do Rashid e as músicas foram produzidas por Felipe Pizzu e por Tássia Reis. Múltipla, a sonoridade passeia na Disco House, Amapiano, Afrobeats, Ijexa, Neo Soul e, claro, Rap e Jazz.
O lançamento de Bem Longe do Fim é um caminho natural para seu próximo álbum a ser lançado em breve. E é seguido pela terceira turnê internacional da cantora, desta vez, pela primeira vez no Canadá, Tássia passará por três palcos, com shows em Ottawa, durante a Empowering Woman in the Music Industry Conference, em London (Ontário), no Sunfest Global Music & Jazz Concert Series e em Toronto, na famosa casa de shows Lula Lounge.
Assim, num crescente, Tássia segue firme em seu protagonismo que pode vir embalado em jazz, rap, drill, funk, pop, tanto faz porque o que faz essa artista ser o que é, gigante em seu talento, é sua capacidade de contar histórias, de se fazer ouvir acima de outras vozes, deixando seu recado, rude, suave, sensual, como queira, ou melhor, como ela quer, por que uma coisa é certa, Tássia Reis é a boss, é ela quem está no comando.