Tarcísio quer corte de R$ 600 milhões do orçamento da Fapesp; cientistas protestam
“Essa medida do Governo de São Paulo é uma medida muito tola”, criticou Renato Janini, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
O governador Tarcísio Freitas pretende reduzir em 30% o orçamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Caso aprovada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o corte chega a R$ 600 milhões e atinge diretamente pesquisas cruciais em desenvolvimento, como a produção de vacinas.
“Essa medida do Governo de São Paulo é uma medida muito tola, porque se corre um risco grande de deteriorar a pesquisa na região e, portanto, prejudicar a evolução econômica do Estado que, segundo o governador, é uma de suas prioridades”, criticou Renato Janini, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Organizado pela Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas e Institutos de Pesquisa e coordenado pela deputada Beth Sahão (PT), uma audiência pública reuniu, na última quarta-feira (22), cientistas, pesquisadores, estudantes, professores e parlamentares, que se manifestaram contrários à medida.
“Se aprovado, este corte representaria uma redução de 30%, cerca de R$ 600 milhões, comprometendo seriamente o trabalho de pesquisa realizado por universidades, empresas e startups no estado”, afirmou a deputada Beth Sahão (PT).
“Entendemos que essa é uma decisão absolutamente inconstitucional, que fere a Constituição estadual [de São Paulo]. Nós sabemos o quanto a Fapesp é importante, o quanto ela destina de recursos nas parcerias que faz com as universidades estaduais, as universidades federais, universidades privadas, setor privado, entre outros. A Fapesp é um importante centro para estimular a pesquisa no Estado. Não se faz pesquisa se não houver investimento, principalmente investimento público”, destacou a parlamentar.
A parlamentar protocolou uma emenda para garantir o repasse de 1% das verbas para a Fapesp, reafirmando a importância dos investimentos em desenvolvimento científico e tecnológico.
O assessor da Fapesp, Milton Flávio, enfatizou a colaboração significativa entre a fundação e grandes empresas brasileiras e paulistas, que investem consideravelmente em projetos de pesquisa que geram arrecadação para o estado. “A Fapesp é um motor de inovação e desenvolvimento econômico. Qualquer redução de verba é um golpe na capacidade de São Paulo de liderar em ciência e tecnologia”, declarou.
A deputada Marina Helou (Rede) e a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Raiane Assumpção, também expressaram suas preocupações. Marina ressaltou a necessidade de manter o orçamento da Fapesp intacto, classificando-o como uma “política pública de sucesso”. Raiane destacou a dependência das universidades dos aportes financeiros da Fapesp para continuar suas pesquisas e avanços acadêmicos.