Foto: Midia NINJA

Brasília, 09 de março de 2022. Contra o pacote da Destruição proposto pelo governo Bolsonaro, Caetano Veloso, 342 Artes, Midia NINJA e diversas entidades convocam movimentos sociais, ambientais e a classe artística a se posicionar e denunciar o avanço do governo Bolsonaro contra os direitos sociais e o meio ambiente. Um grande Ato pela Terra.

Durante toda tarde, vimos a coalizão e sintonia de movimentos sociais diversos reunidos e expondo didaticamente uma tragédia política e os impactos de medidas como a liberação da mineração em terras indígenas, o Marco Temporal, a liberação de agrotóxicos e venenos, e a investida contra os direitos de trabalhadores no campo e na cidade. Juventude, povos de terreiro, indígenas, sindicalistas, periferia, pequenos agricultores, movimentos de moradia, de saúde, católicos, evangélicos, ambientalistas e artistas do mainstream reunidos na rua e nos corredores e salões do Congresso. Uma agenda e articulação ampla, e em sintonia, e uma grande demonstração de força política e pressão popular e institucional.

À noite, grandes nomes da Música e da Cultura Brasileira seguiram ocupando a Esplanada cantando e celebrando a beleza e a dor de ser brasileiro. A arte e a luta são a marca deste povo que resiste, e ainda mantém acesa a chama de nossa ancestralidade tropicalista e decolonial.

Tudo isso sendo narrado durante todo o dia, e em tempo real, por diversos perfis e veículos do mainstream cultural, o que fez estas denúncias e o recado político transbordar para fora da “bolha” e chegar à tela do Jornal Nacional.

Caetano Veloso com sua arte e posicionamento entoa o Chamado da Natureza e é seu porta-voz. A crise climática e a defesa dos povos indígenas e do Meio Ambiente é, como diz Sonia Guajajara, a mãe de todas as lutas. E inclusive é o lugar onde o Brasil tem uma responsabilidade e protagonismo global. Somos o país da maior floresta e diversidade ambiental e cultural de todo o planeta. E temos que assumir nossa Missão civilizatória.

Caetano sabe disso e fez este chamado histórico. E ele não está sozinho. Tem como aliado um vigoroso Movimento Social das Culturas que se formou no Brasil neste século XXI. Movimento que também se forjou numa experiência política que tinha como fio condutor um outro gênio tropicalista, Gilberto Gil.

O Minc de Gil, durante o governo Lula, realizou um potente do-in antropológico, e viu emergir experiências coletivas politicamente inovadoras e contemporâneas. Coletivos, Redes, Narrativas, Pontos de Cultura, Cineclubes, batalhas de MCs, Saraus, casas coletivas, toda uma nova geração de células políticas capilarizadas por todo o país. E estas novas vivências coletivas se abriram e são atravessadas por nossas experiências ancestrais. Aldeias, terreiros, quilombos, rodas de samba, cirandas, folias, ternos, assentamentos, ocupações, assembleias, greves, marchas e atos.

Este encontro entre Cultura e Política maturou uma nova potência social que se mostra madura para assumir seu protagonismo. E em 2022 ela se revela plenamente. 100 anos depois da Semana de Arte Moderna. 200 anos depois da Independência. O Ato pela Terra é a revelação desta potência, que pela Cultura e o Meio Ambiente, junta o nosso povo e todas as suas lutas.

Por isso, mais que um Ato pela Terra, recebemos um chamado e uma revelação.

“O Brasil tem alma, o Brasil tem gente, o Brasil resiste.” Caetano Veloso.

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