No dia em que os exibidores de cinema devem definir a programação de suas salas, Lázaro Ramos e Taís Araújo entraram em uma campanha nas suas redes para que os seguidores se manifestem localmente pela exibição do filme “Medida Provisória”.

O pedido é feito em meio a uma cruzada de ex-gestores do governo Bolsonaro contra o filme, especialmente depois de declarações públicas de Taís e Lázaro sobre a gestão do atual presidente.

“A gente quer que muitas pessoas assistam, mas tem dois blockbusters que podem ocupar muitas salas, então marquem as salas que vocês querem que tenha o filme pedindo que exibam ‘Medida Provisória’”, comentou Taís.

O primeiro longa de Lázaro Ramos traz a história de um Brasil distópico, em que negros são expulsos e enviados à África. O filme é baseado em uma peça de 2011 (“Namíbia, não!”, de Aldri Anunciação) e o roteiro ficou pronto em 2015. Apesar disso, muitos veem semelhanças com o Brasil de 2022.

A campanha para a exibição no circuito nacional era para ter acontecido muito antes. “Medida Provisória”, no entanto, enfrentou forte resistência para chegar às telas brasileiras, tendo passado por eventos internacionais como o 42º Festival Internacional de Moscou Cinema de Moscou, em 2020.

Em dezembro de 2021, ao receber o prêmio especial do júri no troféu Redentor no Festival do Rio, Lázaro chegou a protestar: “censura nunca mais”. Aquela foi a primeira exibição do filme no Brasil, que estava, até então, sem previsão de estreia em larga escala.

A Trigo Agência de Ideias, assessoria de imprensa do filme, informou que foram inúmeros os recursos submetidos por suas produtoras e coprodutoras à Agência Nacional do Cinema (Ancine) para que o filme fosse liberado no Brasil. “Explicamos ainda que questões burocráticas seguem sem retorno conclusivo da agência desde novembro de 2020 – um ano antes de sua previsão inicial de estreia, que seria realizada no último mês de novembro”, disse em nota publicada na UOL.

Após a pre-estreia, quando falas de Taís, Lázaro e de outros espectadores ganharam repercussão, aliando a críticas a Bolsonaro, gestores como Mario Frias e Sérgio Camargo não deixaram de tornar evidente o receio com o crescimento do filme. Ambos deixaram o governo Bolsonaro para entrarem em campanha político por cargos no Congresso Nacional.

Para o ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, Taís e Araújo não trabalham e são “artistas mimizentos, que nada fazem pelo país”. Ele falou ainda que o filme é “lacração criminosa” e que deve ser boicotado caso entre em circuito comercial, conforme noticiado pela Folha de S. Paulo. Já o ex-secretário especial da Cultura afirmou que Taís Araújo vive em uma realidade paralela.

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