Taças do Brasil: o bicampeonato mundial
A seleção brasileira conta com o talento de Garrincha e garante o bicampeonato. Confira a segunda parte do especial “Taças do Brasil”
Por Mariana Walsh
Há 60 anos, em 17 de junho de 1962, o Brasil levantou a taça de campeão da Copa do Mundo pela segunda vez. A sétima edição do evento aconteceu no Chile, e com um time não muito diferente daquele que havia se consagrado quatro anos antes, a seleção brasileira chegou como uma das favoritas ao título. A grande mudança aconteceu na comissão técnica, em que o técnico Vicente Feola foi substituído por Aymoré Moreira.
O percurso até a grande conquista, entretanto, não foi fácil. Logo no segundo jogo, Pelé, que estava vivendo o seu auge, se machucou e precisou ficar de fora do restante da competição. Com isso, muitos acharam que a seleção não teria grandes chances, mas Mané Garrincha chamou a responsabilidade para si e se destacou. Na decisão, os canarinhos derrotaram a Tchecoslováquia por 3 a 1, e o jogador do Botafogo foi um dos artilheiros, sendo eleito pela FIFA o melhor jogador do torneio.
A caminhada rumo ao bi
A seleção brasileira, por ser a atual campeã da Copa do Mundo, tinha vaga garantida na edição do Chile e por isso não precisou disputar as eliminatórias. A estreia na competição aconteceu contra o México, e os brasileiros ganharam por 2 a 0, com gols de Zagallo e Pelé. Em seguida, enfrentaram a Tchecoslováquia em um empate sem gols, que ficou marcado pela lesão na coxa esquerda que tirou o Rei Pelé do restante do campeonato.
Para a última rodada da fase de grupos, uma tensão girava em torno do time brasileiro. Contra a Espanha, de Puskás, o Brasil estava sem seu principal jogador e precisava de uma vitória para se classificar. Logo no primeiro tempo, aos 34’, Adelardo Rodríguez fez 1 a 0 para os espanhóis. Na segunda etapa, Amarildo, responsável por substituir Pelé, fez dois gols e garantiu a vitória brasileira. Além disso, o jogo ainda foi marcado por uma decisão polêmica da arbitragem, que não marcou pênalti após Nilton Santos derrubar o adversário dentro da área.
Nas quartas de final, contra a forte seleção da Inglaterra, Garrincha brilhou, driblou a defesa adversária e balançou a rede duas vezes. Contando também com uma boa atuação de Amarildo, e um gol de Vavá, o time brasileiro ganhou a partida por 3 a 1 e se classificou para a semifinal. Nessa altura, aqueles que antes não acreditavam que o Brasil poderia ser campeão sem o Rei, já não estavam mais tão desconfiados assim.
Valendo vaga na final, Brasil e Chile protagonizaram um jogo emocionante, com direito a muitos gols e a expulsão de Garrincha. Logo aos 9’, o “Anjo das Pernas Tortas” abriu o placar, e aos 32’ marcou novamente. Antes do primeiro tempo encerrar, os donos da casa diminuíram o placar, dando mais emoção ao confronto. Já na segunda metade do jogo, Vavá marcou no início, mas aos 61’ os chilenos novamente diminuíram a vantagem. Aos 78’ Vavá marca de novo, e o jogo acaba com o placar de 4 a 2. Pela segunda vez consecutiva, a seleção brasileira iria decidir uma Copa do Mundo.
Na finalíssima, reeditando o jogo da fase de grupos, Brasil e Tchecoslováquia se enfrentaram. Por ter sido expulso no jogo anterior, Garrincha quase ficou de fora da partida. A regra, na época, dizia que “uma espécie de cúpula” iria decidir se um jogador expulso poderia ou não atuar na partida seguinte. Liberado, o atacante, mesmo com febre, comandou a seleção brasileira. Apesar de ter começado perdendo, eles viraram o jogo, e com gols de Amarildo, Zito e Vavá, ganharam por 3 a 1. Assim, o Brasil se tornou bicampeão mundial e o então capitão, o zagueiro Mauro, levantou a taça.
Grupo campeão em 1962: Gilmar, Castilho, Djalma Santos, Nilton Santos, Jair Marinho, Altair, Mauro, Bellini, Zózimo, Jurandir, Zito, Didi, Zéquinha, Mengálvio, Garrincha, Zagallo, Vavá, Pelé, Jair da Costa, Coutinho, Amarildo e Pepe. Técnico: Aymoré Moreira.
O fracasso após a glória
Depois do bicampeonato no Chile, existia grande expectativa para a conquista do tricampeonato inédito na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. Porém, o time brasileiro viveu uma decepção ao ser eliminado ainda na fase de grupos. Na estreia, ganhou da Bulgária por 2 a 0, mas perdeu para Hungria e Portugal pelo placar de 3 a 1. Na época, a seleção passava por um processo de renovação, e o país vivia momentos turbulentos com a ditadura militar, que começou dois anos antes.
Essa edição da Copa ficou marcada, além da derrota precoce do time brasileiro, pelo último jogo de Pelé e Garrincha juntos pela seleção. Quando ambos estavam em campo com a camisa verde e amarela, nunca houve uma derrota. Foram 30 jogos, sendo 26 vitórias e 4 empates. Por terem ajudado a levar o Brasil ao topo do futebol mundial, e pela grande representatividade, os dois são lembrados até hoje, com carinho, pelos torcedores.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube