Nesta segunda-feira (22), a Rede Minas estreou uma nova programação que inclui novidades no campo do jornalismo da cobertura esportiva e, especialmente, na programação infantil. Entre os novos programas, destaca-se “Danizinha Protetora”, que vai ao ar nas manhãs de segunda a sexta-feira.

A produção do desenho afirma que “Deus planejou a vida de cada um de nós… Quer tenhamos nascido meninos ou meninas, nascemos para a glória de Deus”. “Danizinha Protetora” ainda oferece uma cartilha digital gratuita sobre a Ideologia de Gênero, promovendo um discurso LGBTfóbico com a “proteção” das crianças contra essa ideologia.

A inserção de um programa com conteúdo religioso explícito na grade de uma emissora pública levanta questões sobre a laicidade do Estado brasileiro. A programação de “Danizinha Protetora” é vista por muitos como um exemplo claro de proselitismo religioso, algo que vai de encontro ao princípio de neutralidade religiosa que deveria ser observado pelo Estado.

Recentes declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e de seus aliados têm intensificado esse debate. Jair Bolsonaro, ex-presidente e referência para Zema, já chegou a afirmar que “não tem essa historinha de Estado laico não. O Estado é cristão e a minoria que for contra, que se mude”, o que, à época, gerou uma onda de reações e protestos. A afirmação reflete a visão de um segmento que busca institucionalizar valores religiosos específicos nas políticas públicas e na mídia estatal, desconsiderando a diversidade religiosa e de crenças presente na população brasileira.

A controvérsia em torno de “Danizinha Protetora” é parte de uma discussão mais ampla sobre a laicidade do Estado e o papel da religião na mídia pública. Muitos grupos e ativistas estão se mobilizando para combater essa tentativa de doutrinação religiosa e para proteger as crianças de discursos que promovem a violência de gênero.

A estreia de “Danizinha Protetora” na Rede Minas trouxe à tona a necessidade de uma vigilância constante para garantir que o princípio do Estado laico seja respeitado e que todas as crianças, independentemente de sua fé ou identidade, sejam protegidas contra qualquer forma de doutrinação ou discriminação.