Por Cesário Braga

A história às vezes produz movimentos cíclicos que nos permitem tomar decisões e conduzi-la por outros caminhos.

Aproximadamente há 30 anos, um Juiz de Direito da Comarca de Xapuri/AC concedeu uma liminar possibilitando que o então fazendeiro Darli Alves tivesse o direito de posse do famoso Seringal Cachoeira. Aquela decisão desencadeou uma série de acontecimentos e produziu um dos conflitos mais marcantes da história da história ambiental mundial que culminou com o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes.

Hoje algumas decisões foram importantíssimas para que o mesmo clima de conflito dos anos 80 não se estabelecesse novamente no município de Xapuri.

Provocado por posseiros que vivem às margens da Reserva Extrativista Chico Mendes (RESEX) há mais de 30 anos e que estão perdendo na justiça as próprias terras, diante dos interesses de alguns fazendeiros, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri ocupou a Assembleia Legislativa do Estado do Acre em busca de atenção aos anseios dos seringueiros atingidos e que estão sendo expulsos das terras que tradicionalmente ocupam.

Diferente de 30 anos atrás, quando o poder público virou as costas para os seringueiros, a ALEAC tomou a decisão de ouvi-los. Conduzidos ao centro do plenário, principal espaço do parlamento acreano, pelo Líder do Governo, Dep Daniel Zen (PT/AC) e pelo Presidente, Dep. Ney Amorim (PT/AC), em uma decisão histórica, seringueiros e sindicalistas, um após o outro, externaram a triste situação fundiária que estão vivendo no município.

A ação, amplamente noticiada pela mídia, possibilitou que a luta fosse ouvida por toda sociedade acreana e já rendeu a primeira vitória. O ato de reintegração de posse, que estava marcado para acontecer amanhã, já foi cancelado e o pedido de realização de uma audiência de mediação foi acatado pelo juiz.

O STR, junto com a ALEAC, através do deputado Lourival Marques (PT/AC), organizou uma comissão que será recebida amanhã pelo Ministério Público, com a presença do procurador-geral de Justiçae do promotor de conflitos agrários. Na quinta feira, a comissão será recebida, em reunião, pela desembargadora Waldirene Cordeiro, corregedora do Tribunal de Justiça.

Essa aliança entre o movimento social e um poder legislativo aberto e preocupado com as lutas do povo é fundamental para a construção de uma nova história que, diferente de 30 anos atrás, poderá ser lembrada não como dias de luto, mas como dias de luta.

Avante companheiros, o empate continua!