Sou Minas Gerais: Dandara Tonantzin, uma voz de destaque em Prol dos Direitos em Minas Gerais
Mulher preta, filha de pais professores e participante ativa de movimentos populares e ocupações urbanas.
Nesta edição exclusiva de “Sou Minas Gerais” da Minas NINJA, apresentamos uma entrevista com Dandara Tonantzin, deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores, representando Minas Gerais na Câmara dos Deputados. Com uma missão clara de amplificar as lutas e avançar em direitos, Dandara traz consigo uma bagagem única moldada por suas experiências na quebrada, como mulher preta, filha de pais professores e participante ativa de movimentos populares e ocupações urbanas.
A influência profunda de seu território na construção de sua identidade e nas ideias que defende é evidente. Dandara compartilha suas perspectivas sobre desafios como a falta de infraestrutura e a dura realidade das mães em seu bairro, proporcionando uma visão única das políticas públicas.
Destacamos ainda sua recente contribuição à relatoria da Nova Lei de Cotas, uma vitória significativa para as gerações atuais e futuras. Dandara Tonantzin se revela como uma voz de coragem, turbante e resistência, cuja trajetória é entrelaçada com a luta por uma sociedade mais inclusiva. A entrevista oferece uma visão profunda de suas motivações, conquistas e inspirações, destacando também o especial lugar que Minas Gerais ocupa em seu coração.
Confira abaixo a entrevista completa:
Apresentação: quem é e o que faz?
Eu sou Dandara, deputada federal por Minas, pelo Partido dos Trabalhadores. Minha missão na Câmara é amplificar as lutas e fazer avançar em direitos.
Você acredita que seu território influenciou no trabalho que desempenha hoje? Por que?
Sou uma mulher preta, da quebrada e filha de pais professores. Cresci participando de movimentos populares e em ocupações urbanas. O território determinou quem eu sou e as ideias que defendo hoje. Afinal, a cabeça pensa onde os pés pisam. Cresci vendo a falta de vaga na creche, a dura realidade das mães que dão um duro danado para criar os filhos. Quando chove nossa rua vira um rio, onde meu pai mora o esgoto supita e só tem uma linha de ônibus. Tudo isso me faz olhar as políticas públicas com as lentes de quem vive, sente na pele as ausências e violências.
Qual trabalho/criação você hoje tem mais orgulho de ter realizado?
Como cotista tenho orgulho do recente trabalho que fizemos à frente da relatoria da Nova Lei de Cotas, que foi aprovada e sancionada pelo governo Lula. É um marco do nosso primeiro ano de mandato e uma vitória para as próximas gerações. Queremos ampliar os assentos das universidades brasileiras e institutos federais para mais gente pobre, preta, periférica, indígena, quilombola e com deficiência. Fomos os primeiros, mas não seremos os últimos.
Três palavras que te descrevam
Turbante, coragem e resistência
Uma cidade/lugar especial de Minas para você?
Meu lugar em Minas Gerais é a Feira da Monsenhor Eduardo aos domingos. Amo feiras livres, encontrar meu povo e comer pastel com guaraná mineiro. Não existe mais mineiro que isso!
Uma pessoa de Minas Gerais que te inspira
Nilma Lino Gomes, grande educadora e pesquisadora, ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (hoje, MIR) e professora emérita da UFMG. Ela foi minha orientadora no mestrado em educação na FAE/UFMG e segue sendo parte decisiva para a minha vida dentro e fora da política. Admiro muito Nilma pela sua dedicação em organizar o que chama de movimento negro educador e pela sua aposta na educação como a chave para a emancipação da nossa sociedade. Nilma é a força da inteligência negra brasileira.