Por Noé Pires

Vivendo na Aldeia Krukutu, no sul de São Paulo, Owerá, de 23 anos, é conhecido como o indígena que abriu a faixa “Demarcação Já” na abertura da Copa do Mundo de 2014. Embora a grande mídia brasileira tenha ignorado o ato, Owerá, ou Werá Jeguaka Mirim, ganhou destaque na imprensa internacional, que quis saber mais sobre ele e o significado daquela faixa.

Desde então, Owerá se tornou uma figura proeminente na luta pelos direitos indígenas. Ele estrelou o documentário “My Blood Is Red” (Needs Must Film, Prime Video / Vimeo On Demand), junto com Criolo e Sônia Guajajara. Em 2017, lançou o EP “My Blood Is Red”, seguido pelo álbum “Todo Dia É Dia de Índio”, em 2018. Seus singles, incluindo “Demarcação Já – Terra Ar Mar” feat Criolo (2019) e “Xondaro Ka’aguy Reguá, Moradia de Deus e Força de Tupã” feat Lozk (2020), reforçam sua mensagem de resistência e luta.

Em 2020, ao lado de Daniela Mercury, Owerá representou o Brasil na celebração dos 50 anos do Dia Internacional dos Direitos Humanos, promovida pela ONU na América Latina. No mesmo ano, ele venceu o Prêmio Arcanjo de Cultura, na categoria Música, junto com Marcelo D2, Coletivo Imune e João Gordo.

Em 2021, Owerá lançou o single “Jaguatá Tenondé” (Let’s Gig), que trouxe a música tradicional guarani para o público. Em seguida, colaborou na cypher “Resistência Nativa” com Oz Guarani e Brô MC’s. No início de 2022, lançou “Nhamandú”, seu segundo feat com o produtor colombiano Lozk, e “Resistir pra Existir”, com produção de Kelvin Mbarete dos Brô MC’s, em parceria com o projeto Culturas do Antirracismo na América Latina da Universidade de Manchester.

Owerá também lançou os singles “Kurumi Kaluana” com Tropkillaz e Kaê Guajajara, que abriu o programa “No Limite”, da Rede Globo. Em 2022, estrelou um especial da HBO Max em homenagem aos 100 anos da Semana de Arte Moderna, performando um pout-pourri com Caetano Veloso.

Em agosto de 2022, Owerá lançou o álbum “Mbaraeté” (resistência, em guarani), em parceria com a Natura Musical. Em 2023, apresentou “Canções de Nhanderu” com BaianaSystem no festival Pororoca, no Central Park, Nova York.

Em 2024, Owerá lançou a canção “Rap Nativo” com Alok, parte do álbum “O Futuro é Ancestral”. Esta faixa já havia sido apresentada no festival Global Citizen 2021, na ONU em Nova York, e no Grammy Museum em Los Angeles.

Owerá recebeu destaque na The White Feather Foundation de Julian Lennon, foi citado pelo blog do YouTube como um dos cinco criadores indígenas em ascensão e participou da Mostra Museu, com curadoria de Pedro Henrique França. Estrelou o especial Falas da Terra da Rede Globo e foi destaque na edição especial da Wired Festival Brasil, que elencou os 50 nomes mais criativos de 2021.

Na imprensa internacional, Owerá apareceu em veículos como The Guardian, Sounds and Colours, BBC London, Songlines Magazine, Aux Sons, Remezcla, e Diário de Notícias. No Brasil, foi destaque em Popload, Rolling Stone, TMDQA, Papel Pop, Popline, Vogue, Revista Gama e Marie Claire. Ele também foi destaque do Prêmio Sim à Igualdade Racial, apresentando “Floresta Sagrada” na TV Globo.

Sua principal bandeira é usar a música para lutar pelo respeito aos indígenas e pela demarcação das terras, levando mensagens de apoio ao seu povo. Com o movimento do RAP Nativo, liderado por ele, Oz Guarani e Brô MC’s, Owerá continua sua jornada de resistência.

No palco, ele é acompanhado pelo baixista e diretor musical Rod Krieger, co-produtor do seu álbum mais recente, e pelo DJ Tupã, seu irmão.

A música de Owerá é mais do que som, é resistência, ancestralidade e luta por justiça.