Por Davi Maia

Chegam a ser viciantes, de tão desinibidas que são as letras explícitas que acompanham o trabalho recente de RaMeMes. Revivendo a gloriosa era das montagens de YouTube do funk carioca, o DJ faz parte de uma geração que deliberadamente retorna a produção a alguns dos preceitos dos anos 2000 a 2010.

Estourado, chulo e agressivo? Sim. Mas calma. É diferente. Cria de Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, o vascaíno começou suas produções em 2018, como uma forma de brincadeira entre amigos nas mídias sociais e em serviços de streaming abertos como o SoundCloud. A chave virou e agora o momento é de “mais uma do RaMeMes”.

Foto: Divulgação/Assessoria DJ Ramemes

“Eu entrei na música pra divertir meus amigos, pra eu fazer um negócio ali que eu gostasse e meus amigos gostassem. Nunca pensei em fazer nada grande — eu nunca nem pensei em tocar em festa […] Nunca criei expectativa sobre nada. Você não tem que fazer nada pela arte esperando algo em troca.”

Distante das padronizações de mix e master, processos de normalização das alturas das faixas de áudio numa música, ele reaproxima o Funk de uma sonoridade mais autêntica. Nos dias atuais, padrões focados no mercado europeu endurecem as “diretrizes” para separar uma boa produção de uma má produção.

O Funk também seguiu esse caminho, mas será que essa ideia precisa, necessariamente, ser seguida por um dos estilos mais populares, na essência da palavra, no país? O Destruidor do Funk propõe a distorção e o efeito de música “estourada” a diversas de suas produções recentes.

Foto: Reprodução last.fm Ramemes

“Acho que isso limita a criatividade, porque muitas das músicas que acabam estourando hoje em dia, são porque elas são diferentes — elas fogem do padrão. E aí muita gente de comunidade que não tem o tal ‘conhecimento musical’ pra fazer, só fazem pra se divertir, eles acabam criando mais coisas novas porque fogem do padrão, do estudo musical. Elas acabam sendo mais criativas do que as que ‘entendem’ de música.”

Diversas das suas faixas mais populares sampleiam desinibidamente vocais na temática de sexo. Na produção musical, depois de bombar com tantas versões de “SEXO”, ele assinou uma faixa no disco “Noitada” e a versão remix no álbum “After”, ambos de Pabllo Vittar. Demonstrando versatilidade, as produções de RaMeMes também foram ganhando mais variações estilísticas e ficando mais fortes. 

Recentemente, ele foi creditado como um dos produtores por trás de “it’s dark and hell is hot”, do rapper estadunidense JPEGMAFIA, confirmado no Lollapalooza. Além disso, Ramon — nome de nascimento do DJ — compartilha de momento parecido na cena carioca da de um xará: Ramon Sucesso, do Sexta dos Crias. Os dois se acompanham e já tocaram juntos.