Sob Tarcísio, número de pessoas mortas por PMs em SP cresce 138%
Este é o maior número de mortes em ações da PM no estado desde 2020, quando foram registradas 218 vítimas
O estado de São Paulo registrou um aumento no número de mortes causadas por policiais militares em serviço no primeiro trimestre de 2024, de acordo com dados oficiais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) nesta segunda-feira (29). Os números revelam que foram 179 casos nos primeiros três meses deste ano, em comparação com 75 no mesmo período de 2023, representando um crescimento de 138%.
Essa marca representa o maior número de mortes em ações da PM no estado desde 2020, quando foram registradas 218 vítimas. Em contraste, no ano de 2022, foram 74 casos. De 2022 para 2024, houve um acentuado aumento em um curto período de tempo.
Operação mais letal
Uma possível explicação para o aumento está ligada à Operação Verão, realizada pela Polícia Militar na Baixada Santista, que teve início em dezembro e foi finalizada no dia 1º de abril. Durante essa operação, que teve como objetivo combater o crime na região litorânea, foram contabilizadas 56 mortes, intensificando as críticas à atuação da polícia.
A operação tornou-se a segunda ação mais letal da história da polícia de São Paulo, ficando atrás apenas do trágico massacre do Carandiru em 1992, quando 111 homens foram mortos durante uma operação na Casa de Detenção.
A morte do soldado Samuel Wesley Cosmo, em fevereiro, motivou uma onda de assassinatos cometidos por PMs, levando a uma escalada de mortes na região e gerando questionamentos sobre os métodos. Críticas à atuação policial na Operação Verão resultaram em uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), apresentada no mês passado por organizações como a Conectas Direitos Humanos e a Comissão Arns.
Diante das críticas, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que não se preocupa com as denúncias de abusos durante a operação, desencadeando mais debates sobre a conduta policial e a necessidade de um comando mais direcionado.
O Ouvidor da Polícia Militar, Cláudio Aparecido da Silva, classificou os números como alarmantes, destacando que o estado de São Paulo vinha apresentando uma tendência de queda nesse tipo de homicídio nos últimos anos. Para ele, é fundamental que as autoridades e a sociedade reflitam sobre o modelo de policiamento desejado.
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo, abriu uma investigação para apurar denúncias de que os mortos durante a Operação Verão estariam sendo levados como vivos para hospitais, acrescentando mais preocupações sobre a conduta policial.