Sob Bolsonaro, ações de combate ao racismo nas escolas caem ao pior nível em 10 anos
O governo de Dilma Rousseff (PT) registrou o maior alcance de políticas de combate à discriminação em 2015, com 75,6% das escolas adotando tais programas
O governo de Dilma Rousseff (PT) registrou o maior alcance de políticas de combate à discriminação em 2015, com 75,6% das escolas adotando tais programas
Um levantamento realizado pelo Todos pela Educação revelou dados preocupantes sobre a situação das políticas de combate à discriminação nas escolas públicas brasileiras durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O estudo, baseado em informações fornecidas por diretores de escolas para a Prova Brasil 2021, mostrou que metade das instituições possui projetos para combater o racismo, enquanto apenas um quarto delas adotam ações contra machismo e homofobia. Esses números são os menores da última década, levantando questões sobre a efetividade das políticas educacionais no país.
Principais dados:
- Apenas 50,1% das escolas públicas afirmaram possuir ações de combate ao racismo em 2021, a menor proporção desde 2011 (66,7%). Em relação à luta contra machismo e homofobia, apenas 25,5% das escolas adotaram projetos em 2021, em comparação com 43,5% em 2017.
- O governo de Dilma Rousseff (PT) registrou o maior alcance de políticas de combate à discriminação em 2015, com 75,6% das escolas adotando tais programas.
- A agenda ultraconservadora que ganhou espaço nos últimos anos é apontada como um dos fatores que dificultaram a implementação dessas ações nas escolas.
- Ataques e divulgação de informações falsas sobre o “kit gay” durante o governo Bolsonaro também contribuíram para inibir as políticas de combate à discriminação.
Consequências negativas
- Diretores de escolas relataram enfrentar diariamente situações de preconceito, como bullying e casos de discriminação.
- O ambiente escolar violento e hostil pode levar a uma maior evasão escolar e a um menor desempenho acadêmico, especialmente entre grupos alvo de discriminação.
- Estudantes negros, por exemplo, têm apresentado notas mais baixas nas avaliações, refletindo o impacto dessas questões na aprendizagem.
desafios e perspectivas futuras:
Desafios
- Especialistas enfatizam que as ações de combate à discriminação deveriam ser priorizadas e implementadas em todas as escolas há muito tempo.
- É necessário um esforço conjunto do governo e da sociedade para promover políticas inclusivas e combater o preconceito no ambiente escolar.
- A pandemia também pode ter afetado a implementação de ações nas escolas, destacando a importância de retomar e fortalecer essas iniciativas.
Na avaliação de Daniela Mendes, analista de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, “a Educação vai além da transferência de conteúdos técnicos para os estudantes. A escola precisa ser um espaço de acolhimento, respeito e valorização das diversidades. Melhorar a qualidade da Educação brasileira significa também promover um ensino intencionalmente antirracista e voltado para as relações étnico-raciais, além de olhar com atenção para ações de combate ao machismo e à homofobia. Se queremos que crianças e jovens permaneçam nas escolas e consigam aprender, precisamos garantir um ambiente de maior inclusão e respeito”, afirma.