O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, afirmou, em depoimento à polícia que investiga propaganda eleitoral ilegal, que uma camisa do Flamengo contendo o número 22 não era referência ao número de Bolsonaro. Foi o próprio ex-presidente que entregou a camisa, e o momento foi registrado nas redes sociais de ambos.

A defesa de Vasques negou que houve intenção política e mencionou eventos como o aniversário da Semana de Arte Moderna de 1922 e o número do lateral Rodiney, também 22, como possíveis interpretações do gesto.

A entrega da camisa ocorreu durante o encerramento da Semana Nacional de Trânsito 2022, na sede da Polícia Rodoviária Federal. Na véspera do segundo turno, Vasques declarou voto em Bolsonaro, por meio de uma publicação nas redes sociais. Vale ressaltar que ele foi indicado para o cargo pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente.

Silvinei preso

O aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro está preso desde 9 de agosto. A Polícia Federal (PF) encontrou provas, em celulares de policiais rodoviários, de que as blitz da corporação, feitas em 31 de outubro de 2002, dia da votação do segundo turno das eleições presidenciais, foram direcionadas para prejudicar eleitores do então candidato Lula (PT).

A Polícia investiga o uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral passado. As provas consistem em imagens achadas em celulares de policiais rodoviários com o mapeamento de cidades do Nordeste, onde Lula teve mais de 75% dos votos no primeiro turno.

Além disso, a PF também encontrou mensagens entre o diretor de inteligência da PRF e um subordinado tratando de uma reunião da cúpula, na qual Vaques teria determinado um “policiamento direcionado” nesses redutos eleitorais.

Além disso, a prisão de Vasques foi decretada a partir da autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que entendeu que ele poderia interferir nas investigações, a partir de uma tentativa de “combinação de versões” com outros agentes que seriam ouvidos pelos investigadores.

CPMI

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, Vasques negou qualquer interferência no pleito presidencial ou irregularidades nas blitz realizadas pela PRF. Vasques foi um dos indiciados pela relatora senadora Eliziane Gama, por colaborar em um processo golpista que culminou no 8 de janeiro.