Michael Phelps – divulgação

Por Paula Cunha

“Você não consegue sair, por mais que você lute, mais triste você fica (…) e o atleta profissional tem essa imagem de ser um super-herói’’, disse Nilmar, ex-jogador de futebol que teve que lidar com uma depressão.

Sempre escutei que atividade física era muito importante para a saúde mental. Mas aquela ideia de fazer o exercício e me sentir bem imediatamente nunca aconteceu comigo na prática. O meu bem estar vem depois de horas, no acúmulo dos dias e se torna tão parte de mim que se não me exercito um dia já fico de mau humor. “A atividade física aeróbia, ou seja, aquela que eleva a frequência cardíaca do coração, tem mais relação com uma aptidão cardiovascular e também porque aumenta a secreção de endorfinas (conhecido como hormônio do bem-estar)”, afirma o psiquiatra Arthur Danila. Mas como será que isso funciona com atletas de alto rendimento?

Quem não conhece Michael Phelps, nadador americano com 23 medalhas de ouro olímpicas e 37 recordes mundiais? Foi nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, que Phelps bateu mais um recorde, conquistando oito medalhas de ouro. O agora ex-nadador escondeu sua depressão por anos, sentindo que nadava por obrigação e perdendo treinos porque queria dormir mais. Phelps não falava sobre seus problemas mentais porque temia que aquilo fosse visto como sinal de fraqueza ou até mesmo vantagem para outros nadadores. “Após 2008, mentalmente, eu estava acabado. Eu não queria mais nadar (…). Nos quatro anos seguintes, eu perdia cerca de dois treinos por semana”. Após ser preso por dirigir embriagado, o atleta procurou uma clínica de reabilitação comportamental. “Eu penso que quando você acha o ponto mais baixo da sua vida você está aberto a muitas coisas para tentar mudar isso e tentar voltar para o caminho certo (…). Me fez acreditar que há um poder maior do que mim mesmo e que há um propósito para mim neste planeta”.

Desde que se aposentou, após as Olimpíadas do Rio, Phelps viaja pelo mundo para falar da saúde mental dos atletas. Entre os seus projetos, está o documentário “O peso do ouro”, narrado por ele, em que são contadas histórias de atletas olímpicos que lidam com a pressão do esporte e problemas de saúde mental. Durante uma hora, o medalhista fala sobre o sonho que todo atleta tem de um dia ir às Olimpíadas e de como suas vidas são marcadas por altos e baixos, pressões e abdicações. Como a patinadora Sasha Cohen: “Eu não desenvolvi interesses externos, tinha um foco muito singular no meu esporte”; e Apolo Ohno, patinador de velocidade: “Durante a maior parte da minha carreira, fui movido puramente pelo medo do fracasso (…), fui motivado por me sentir inadequado”. Lolo Jones, especialista em cem metros com barreira, perdeu o ouro após bater em um obstáculo: “Depois disso, onde eu ia as pessoas vinham me dizer como sentiam muito. Ninguém me ajudou a lidar com isso.”

A rotina de um atleta costuma ser composta de treinos puxados, dietas rigorosas e muita disciplina, o que pode levar àquela falsa impressão de super-herói enquanto falamos de seres humanos. “Nós precisamos educar as pessoas de que saúde mental não é fraqueza”, completa Katie Uhlaender, corredora americana.

Fontes

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/05/27/para-melhorar-a-saude-mental-qualquer-atividade-fisica-e-boa-diz-medico.htm

Ídolo do Inter surpreendeu a todos com depressão

https://www.espn.com/video/clip/_/id/17185805

http://www.espn.com.br/noticia/556639_nao-queria-viver-diz-phelps-sobre-periodo-de-reabilitacao

https://tribuna.expresso.pt/modalidades/2022-09-26-Michael-Phelps-das-piscinas-a-saude-mental-Perdemos-demasiados-atletas-para-o-suicidio.-Prefiro-salvar-uma-vida-a-ganhar-outra-medalha-12d409ad