Por Jonas Moura


No último dia 11 de dezembro, a Netflix estreou a série “Cem anos de solidão”. A produção é baseada na obra do escritor e jornalista colombiano Gabriel García Márquez. Trata-se também da primeira adaptação audiovisual do livro publicado em 1967 e vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1982. Um trabalho que rendeu fama mundial a García e vendeu milhares de exemplares, mergulhando os seus leitores no realismo fantástico e se transformando em um dos romances mais importantes da história latino-americana.

A produção da Netflix está dividida em duas partes. Esse ano foram liberados oito episódios, cada um com um pouco mais de uma hora de duração, e aonde o público é apresentado ao início da saga das sete gerações da família Buendía, além da fundação da cidade de Macondo. Em 2025, a plataforma lançará a segunda parte com mais oito episódios, dando continuidade à trama. No entanto, ainda não há previsão para a estreia.

Inicialmente, vale ressaltar a riqueza de detalhes e a fidelidade da série ao livro. Uma observação bastante comentada pela crítica e por aqueles que já assistiram. A produção preserva a essência da escrita de Gabo e transpõe para as telas a beleza e a poesia da história dos Buendía por meio de uma fotografia e uma produção de arte que inebriam o espectador.

E não são somente esses aspectos técnicos que se sobressaem na produção. O elenco de Cem Anos de Solidão também deve ser exaltado. Composto por atores colombianos, o casting é um dos principais responsáveis em materializar o universo do livro, dando vida e emoção aos personagens. Marco González (José Arcádio Buendía), Susana Morales (Úrsula Iguarán) e Cláudio Cataño (Coronel Aureliano Buendía) brilham defendendo os primeiros protagonistas. A direção de Laura Mora e Alex García López também entrega planos e cenas memoráveis, dignas das grandes obras-primas do cinema.

Ainda falando das atuações, Susana Morales eleva a força de Úrsula Iguarán com toda a potência do seu talento e presença em tela. A atriz é gigante e não haveria escolha mais certeira para a personagem. A matriarca é vivida extraordinariamente por ela, que imprime a dureza e a sensibilidade necessária para aquela que é a rainha de Macondo.

O desafio de criar um produto com as mesmas qualidades da obra original foi alcançado. O respeito pelo livro está presente na construção de cada detalhe, ainda que não seja uma história completamente fiel à escrita. E isso é completamente aceitável, pois se tratam de linguagens diferentes. Também é importante destacar que os filhos de Gabriel García Márquez acompanharam de perto o processo de produção. Inclusive, Rodrigo García é um dos produtores da série.

Assim, para quem já leu o livro, não há dúvidas que o seriado oferece um mergulho no universo mágico e onírico de uma saga familiar que atravessa o tempo. Para quem começou a conhecer esse universo pela série, é inegável que a produção da Netflix tenha sido extremamente cuidadosa ao adaptar um livro tão importante e relevante para a literatura latina. O resultado é primoroso e emociona. Bem como é um convite para descobrir outras histórias de Márquez.