Sem patrocínio: o protesto silencioso e cheio de significado de Marta
Por que a rainha do futebol continuou a negar uma série de patrocínios?
Por Jhulia Marqueti
O reinado da jogadora Marta está prestes a chegar ao fim. A mesma já anunciou que a Copa do Mundo Feminina de 2023 será a última de sua carreira. Afinal, a rainha brasileira tem sonhos pessoais para realizar, como o de ser mãe.
Além de toda a história cravada no futebol, Marta vai deixar um legado de resistência e luta pela visibilidade.
A jogadora, que já ganhou a Bola de Ouro seis vezes, chega à segunda Copa seguida sem aceitar propostas de patrocínio de marcas esportivas. O mesmo aconteceu também nos Jogos Olímpicos de 2021.
A resposta negativa para as empresas e a escolha de Marta em não fazer propaganda de nenhuma marca é simples: discordância entre valores quando comparados aos investimentos pagos aos jogadores do futebol masculino.
A disparidade em questão de valores é tão anormal, que Marta não consegue simplesmente ignorar.
De acordo com a revista Forbes, anualmente, o acordo entre Cristiano Ronaldo e a Nike chega a 15 milhões de euros, já Lionel Messi recebe da Adidas 19 milhões de euros, e quando se trata de Neymar e Puma, os valores ficam em torno de 20 milhões de euros.
Mas qual o motivo desta disparidade? Segundo Igor Padilha, CMO da Highline X, agência especializada em Marketing Esportivo, são várias as razões, como: baixa divulgação dos jogos pela grande mídia e horários das partidas.
Ou seja, mesmo Marta sendo a maior artilheira de todas as Copas até aqui, entre homens e mulheres, e ter sido eleita por seis vezes a melhor do mundo, ainda assim, ela é refém da falta de visibilidade que a mídia ainda dá ao futebol feminino.
Ainda segundo Igor, falta sensibilidade das marcas, brasileiras ou não, perceberem que o futebol feminino vive a sua ‘era de ouro”. Porém, para que essa “era” se mantenha por muito mais tempo, é mais do que necessário que investimentos justos sejam feitos.
De acordo com o Instituto Women’s Sport Trust, do Reino Unido, as pessoas que acompanham futebol preferem as marcas que investem em ambas as categorias da modalidade. Ou seja, o futebol feminino pode não estar na grade dos canais de TV, mas aumentam a visibilidade das marcas mesmo assim.
Go Equal segue em 2023
A rainha Marta segue levando o lema do projeto “Go Equal”, desde 2019. O movimento foi criado para manter vivo o legado, a luta da jogadora e, também, para incentivar cada vez mais a participação feminina dentro de todos os espaços.
Talvez – quase uma certeza – ela se despeça do futebol profissional sem ter sido valorizada à altura. E não digo apenas em questões salariais ou investimentos, mas também em relação a visibilidade.
Mas, majestosamente, Marta dará tchau e deixará o seu legado vivo: o futebol feminino vale muito. Ela sabe, os torcedores sabem, algumas marcas sabem, mas ainda falta muito e, após a Copa, muitas outras jogadoras continuarão lutando porque elas tiveram um grande exemplo: a Marta, rainha do futebol.
Ah, e a luta não precisa ficar apenas dentro do campo! Neste ano, em parceria com a Centauro, Marta lançou a linha esportiva de roupas do projeto “Go Equal” e quebrou mais uma barreira.
A linha inclui camisetas, croppeds, bermudas, calções, tops e, é claro, muita luta.
Com informações de Terra e CNN Brasil
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube